11/12/2003 14h09 – Atualizado em 11/12/2003 14h09
O deputado Geraldo Resende (PPS), entregou à mesa diretora da Câmara Federal, na última quarta-feira (dia 10), dois requerimentos pedindo informações sobre programas e projetos de combate ao alcoolismo nas aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul. Os requerimentos foram direcionados aos ministros da Saúde, Humberto Costa e da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.
O pedido foi feito com base no artigo 50, da Constituição Federal. Constatando a existência de projetos e programas, o deputado quer saber os estágios dessas ações, além da apresentação de dados estatísticos.
A justificativa do parlamentar tem por base os problemas das drogas e bebida alcoólica, que se acentuam gravemente nas aldeias indígenas, em especial, aquelas mais próximas dos centros urbanos.
Em pronunciamento no plenário da Câmara, o parlamentar citou uma matéria publicada no Jornal Correio do Estado, que relatou a situação das aldeias indígenas da região da Grande Dourados, na qual o alcoolismo assume contornos de epidemia. “Surpreendeu-nos na matéria, a constatação de que o alcoolismo tem sido tratado como “caso de polícia”, enfatizou.
Resende disse que causa indignação ver índios cambaleantes pelas ruas de Dourados. Segundo ele, o sentimento se acentua quando esse índio traz consigo crianças na mais tenra idade. A indignação é ainda maior salienta, quando a situação, claramente de cunho social e de saúde, é tratada apenas “nos meios policiais”.
Um trecho da matéria, que Resende fez questão de citar no pronunciamento feito aos deputados é chocante: “numa das calçadas da Rua Bela Vista, próximo à Rua Cuiabá, no centro de Dourados, enquanto chovia, um índio aparentando 40 anos, completamente alcoolizado, dormia encostado a um muro. A seu lado, uma garotinha, com aproximadamente três anos, chorava copiosamente, por medo, desespero, fome ou até mesmo por revolta, já que em nenhum momento teve a coragem de mostrar seu rosto, que estava virado para o muro. Foi impossível se comunicar com a criança.”
“É indiscutível que os índios de Mato Grosso do Sul, como de resto toda a população do Estado precisa ser protegida desse mal. Essa proteção passa necessariamente por medidas de prevenção, com orientação à comunidade, repressão à venda, apoio médico e psicológico ao alcoólatra e principalmente, adoção de meios severos de proteção das crianças quanto aos efeitos sociais dessa droga”, relatou, lembrando que “este é o objetivo do nosso requerimento, buscar informações e ou incitar projetos e programas que combatam o alcoolismo entre os índios”.