30.5 C
Três Lagoas
domingo, 18 de maio de 2025

Privação transforma o Natal em data triste na periferia

16/12/2003 11h17 – Atualizado em 16/12/2003 11h17

Quase sempre lembrado pelos presentes e reuniões de família em torno de uma mesa farta, o Natal é um dia “como outro qualquer” para muitos que enfrentam diariamente dificuldades para assegurar o mínimo à sobrevivência. “Mas não desanimo não. Se entrar em depressão, as coisas ficam ainda piores”, diz a atendente Elaine Pereira Marques, de 27 anos, moradora do Jardim Noroeste, em Campo Grande.

Ela sustenta o marido, que está desempregado há quatro meses, e três filhos com os R$ 60 mensais que recebe na lanchonete em que trabalha três dias por semana. “Também estou procurando emprego como diarista, mas está difícil”, diz. Em benefícios, a família recebe somente o vale gás, no valor de R$ 15.

Por conta das dificuldades financeiras, Elaine tirou o filho mais velho da escola, mas garante que “no ano que vem ele volta”. “Esta semana vou fazer a matrícula”, explica.

De outros Natais, lembra das reuniões em família, com churrasco. Este ano, a atendente diz não saber se poderá colaborar com a ceia, geralmente realizada na casa da mãe dela. “Com o que ganho é muito difícil. Ano passado recebia mais e meu marido estava empregado. Compramos roupas e calçados para nossos filhos. Este ano, acho que nem isso vou poder fazer. Quem dirá presente”.

Um dos filhos, escutando atentamente a mãe, abaixa a cabeça e tem dificuldade em dizer o que gostaria de ganhar do Papai Noel, que só viu uma vez, em um campo de futebol. Depois de muito pensar, a escolha é a mais freqüente entre as crianças, a bicicleta. “Tive uma, mas ela estragou”, conta.

Elaine, que sorri ao ouvir o filho, lembra que, para ela, embora necessários, os bens materiais são transitórios e, com o tempo, “a gente consegue”. É pensando nisso que, neste Natal, ela deseja “o fim de todas as guerras, da violência. Enfim, a paz mundial”. E diz gostar da data. “Mesmo que a vida esteja ruim, que falte estrutura e até comida, temos que buscar sempre algo melhor, ter esperança”, conclui.

De acordo com a prefeitura de Campo Grande, 57 famílias moram em favelas na cidade, a maioria em processo de regularização. Conforme a assessoria de imprensa, há sete anos, o município contava com 178 núcleos de favelas. Nesse período, foram entregues 10 mil residências, beneficiando aproximadamente 40 mil pessoas.

Contudo, ainda restam 14 mil pessoas à espera de um local para morar. Segundo o prefeito, André Puccinelli (PMDB), a meta é construir 12 mil unidades habitacionais até o fim de 2004, quando termina o mandato.

Fonte:Campo Grande News

Leia também

Últimas

error: Este Conteúdo é protegido! O Perfil News reserva-se ao direito de proteger o seu conteúdo contra cópia e plágio.