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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Lula vai demitir Cristovam e colocar Tarso na Educação

23/01/2004 07h50 – Atualizado em 23/01/2004 07h50

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva demitirá o ministro Cristovam Buarque (Educação). Já convidado, Tarso Genro (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) será seu substituto. A decisão teria sido tomada ontem à noite, sendo que Lula passou o dia fazendo os últimos acertos na reforma ministerial e decidiu que dará a Previdência Social ao PMDB. O destino do titular da pasta, Ricardo Berzoini, ainda é incerto. Ele pode ocupar o Ministério do Trabalho, hipótese mais provável até a noite de ontem, ou reassumir o mandato de deputado federal na Câmara, onde presidiria uma comissão, como a de Orçamento.

Hoje, em reunião com a cúpula do PMDB, Lula decidirá o nome do novo ministro da Previdência. O senador Garibaldi Alves (RN) é o mais cotado, mas há uma disputa entre seus colegas de bancada. O partido terá duas pastas em troca de apoio congressual a Lula e uma aliança com o PT nas eleições deste ano e de 2006. Além da Previdência, o partido ficará com as Comunicações –o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), será o ministro. Garibaldi é o nome preferido do presidente do Senado, José Sarney (AP), o principal negociador peemedebista com o governo federal.

O partido também indicará o presidente da Eletrobrás. A mudança provoca uma reengenharia na presença petista no ministério. O titular do Trabalho, Jaques Wagner, esteve ontem com Lula e disse que preferia ser candidato a prefeito de Camaçari (BA) a comandar o Conselhão de Tarso, como ofertou o presidente. Lula pediu a Wagner que aguardasse uma decisão sua. Se Wagner não for para o posto, o Conselhão se subordinará ao ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. Também é remota a chance de Berzoini ir para o Conselho.

A interlocutores, disse que não queria criar constrangimentos para Wagner e que poderia retornar à Câmara. De todo modo, o Conselhão é visto como um prêmio de consolação pelos petistas. Anteontem, Lula disse aos novos ministros que tiraria Cristovam da equipe. Mas o vazamento da informação e o fato de Cristovam estar no exterior geraram indefinição até a noite de ontem, quando, em reunião no Planalto, o presidente disse a auxiliares que a decisão de trocar o ministro da Educação era irreversível.

Em tom de desabafo, Lula deu um tapa na mesa anteontem à noite, quando conversava com o novo ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos (PSB-PE). Disse que não agüentava mais “acadêmicos” no governo e que tiraria Cristovam. “Quero ministros para apresentar resultados, não para ficar com tese, com conversa. Por isso, estou pegando essa turma boa da Câmara”, disse. A “turma da Câmara” são os quatro novos ministros que Lula confirmou anteontem: Eunício nas Comunicações; Patrus Ananias (PT-MG) no novo superministério da área social; o líder do PSB na Câmara, Eduardo Campos (PE), na Ciência e Tecnologia; e o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP), na nova pasta da articulação política.

A Folha antecipou as escolhas de Eunício e de Campos, além de ter revelado a preferência do presidente por Patrus Ananias e a definição da fusão na área social. O presidente avalia que Cristovam é um bom formulador, mas um mau gestor. Por isso, quer tirá-lo do cargo. Ontem, o presidente disse que era hora de mostrar resultados e que a educação era uma área sensível. Como escolheu um ministro com experiência administrativa para a área social (Patrus é ex-prefeito de Belo Horizonte), Lula optou por Tarso, ex-prefeito de Porto Alegre, para o Ministério da Educação. As gestões de ambos são consideradas excelentes pelo PT.

Cristovam está em Portugal e amanhã deve se incorporar à comitiva de Lula que vai à Índia. O presidente deverá ter uma conversa por telefone com ele hoje. As razões do vai-e-vem sobre a segunda pasta do PMDB aconteceram devido às tentativas no Planalto e no próprio PT de salvamento de Berzoini. Assim como em relação a Cristovam, Lula manifestou a ministros e deputados a intenção de tirar Anderson Adauto (Transportes), por julgá-lo ineficiente. Sua pasta poderia ter um novo titular. Mas o vice-presidente, José Alencar, reagiu duramente para segurar Adauto, seu correligionário no PL. Houve cogitação de que o partido poderia indicar outro nome para a pasta.

Há chance de uma medida provisória ser publicada hoje, a fim de acertar a situação jurídica das novas pastas (a da área social e a da articulação política) para que novos ministros tomem posse ao longo do dia. Ontem, foi publicada a exoneração de Roberto Amaral da Ciência e Tecnologia –seu secretário-executivo, César Callegari, é o interino no ministério. Outra possibilidade aventada ontem no Planalto era marcar a posse para a semana que vem, com a presença do presidente interino, José Alencar, já que Lula estará em viagem à Índia.

Fonte:Folha On line

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