29/01/2004 15h50 – Atualizado em 29/01/2004 15h50
O autor Gilberto Braga foi um dos primeiros a saber da morte da co-autora da trama “Celebridade”, Leonor Bassères. Gilberto estava escrevendo os capítulos da trama em sua residência quando recebeu um telefonema comunicando o seu falecimento, por volta das 2h da madrugada.
- Estive em sua casa recentemente e ela estava bastante doente. Tem 15 dias que ela não está escrevendo para a novela – disse o autor da novela do horário nobre.
Em entrevista por telefone, Gilberto não conseguiu esconder a emoção ao falar da vivência com a escritor:
- Nós éramos muito íntimos. Na nossa relação, muita gente comentava que ela era a minha mãe, por causa da idade (Leonor tinha 78 anos), mas, na verdade, ela era mais uma irmã ou filha. É estranho isso. Acho que era por eu ser o chefe – revelou Braga.
Leonor trabalhou como a colaboradora de Gilberto Braga em oito novelas globais, entre elas “Brilhante” e “Corpo a corpo”. A chance de ser co-autora surgiu em “Vale-tudo”, seguida pelas obras “O primo Basílio”, “O dono do mundo” e “Pátria minha”.
- Ela me foi recomendada para fazer a adaptação para romance de “Água viva”. Na novela seguinte, estreou como colaboradora. Foi brilhante. Daí em diante, ela fez quase tudo o que eu fiz. Ela assinou “Vale-tudo” na mesma altura que Aguinaldo e eu. E só não fez “Força de um desejo” porque estava fazendo uma novela com o Ricardo Linhares – afirma o autor.
Há cerca de quinze dias, o câncer de pulmão da escritora entrou em metástase e ela foi obrigada a ficar em repouso total em sua residência, no Rio. Leonor deixou um texto em seu computador, datado de 7 de agosto de 2003, que foi encontrado hoje pela família:
“Como curtir uma morte bem curtida. Fazia um dia lindo na manhã em que eu morri. Desses que a gente chamava “gloriosos”. Próprios para ir à praia, jogar tênis, correr pela orla com o namorado, essas coisas. Sem nem mencionar que a pessoa precisa não estar numa cadeira de rodas, roída por um câncer do pulmão na metade de cima, e por uma hepatite medicamentosa no resto. Sempre pedi a Deus ou a essa autoridade que manda nos homens e na terra, morrer dormindo. Achava lindo e confortável. Mas morte em manhã linda de verão também servia, já que o que estava ficando insuportável era a vida. Fechei os olhos e pensei document.write Chr(39)vamo nessadocument.write Chr(39) e fui.”
O corpo de Leonor Bassères está sendo velado desde o meio-dia na capela 1 do cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro. O sepultamento será às 17h.
Fonte:MS Noticias