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domingo, 25 de maio de 2025

Jornalista lança livro sobre político morto pela ditadura

23/04/2004 09h59 – Atualizado em 23/04/2004 09h59

O jornalista e escritor Wladimir Pomar lança em Campo Grande, na próxima segunda-feira, dia 26 de abril, a biografia “Pedro Pomar – Uma Vida em Vermelho”. O livro retrata a vida e a trajetória política do dirigente comunista nascido no Pará, eleito deputado federal por São Paulo em 1947, e assassinado numa emboscada preparada pelos órgãos de repressão da ditadura militar contra a direção do PCdoB, em 1976, no episódio conhecido como a “chacina da Lapa”.

O lançamento acontece a partir das 19h30, no Museu de Arte Contemporânea (Marco) em Campo Grande e, por um capricho do calendário, no mês em que completa 40 anos o golpe militar. O evento tem o apoio da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (SCEL).

“Pedro Pomar – Uma Vida em Vermelho”, da editora Xamã, é resultado de várias décadas de pesquisa documental, entrevistas com militantes do Partido Comunista, de movimentos que se opuseram à ditadura e de pessoas que conviveram com Pedro – além da memória do próprio autor, o jornalista e escritor Wladimir Pomar, filho de Pedro.

Por conta desta diversidade de fontes, o que surge da biografia não é um Pomar monolítico – unicamente o dirigente comunista, mas um retrato mais próximo do homem e do militante. O livro, portanto, ajuda a entender um pouco melhor as paixões e a razão que moviam Pedro Pomar a tomar parte de momentos cruciais da história nacional ao longo de boa parte do século passado.

A paixão pela vida pública começou cedo. Nascido em Óbidos (PA) em 1913, Pedro saiu de casa, sozinho aos 13 anos, para fazer o ginásio em Belém, onde se envolveu na movimentação política dos anos 30. Em setembro de 1932, participou ativamente da organização de um levante armado em apoio aos constitucionalistas de São Paulo. Esmagada a revolta, passou algum tempo no Rio de Janeiro, depois retornou a Belém, onde concluiu o ginásio. Foi jogador de futebol pelo tradicional Clube do Remo e estudante de medicina nos anos 30.

Mais tarde, em 1947, já em São Paulo, foi eleito com mais de 100 mil votos para uma vaga na Câmara dos Deputados. Durante as décadas de 40, 50 e 60, atuou na direção de diversos jornais operários e dedicou-se a diversas atividades da direção partidária. Na estrutura do Partido Comunista, Pomar firmou-se como o principal contraponto a Luís Carlos Prestes. Quando os militares derrubaram o governo constitucional do presidente João Goulart, em abril de 1964, começaria mais um longo período de clandestinidade e luta para Pedro Pomar que durou até uma madrugada de 1976.

Pomar foi executado pela repressão no dia 16 de dezembro, mais de 50 perfurações de bala. Depois de assassinado, acabou enterrado no Cemitério Dom Bosco, em Perus (SP), sob nome falso. Em 1980, a família conseguiu localizar e transferir seus restos mortais para Belém do Pará, onde estão enterrados.

Bola pra frente – Para conseguir retratar Pedro Pomar em toda a sua complexidade, o autor reconstitui a infância e a juventude do jovem Pedro para – a partir deste garimpo da informação – encontrar na sua vida privada muitas das características que seriam reconhecidas, no futuro, tanto por seus camaradas comunistas quanto por seus perseguidores dos períodos autoritários em que combateu pelo restabelecimento da democracia (Estado Novo e Ditadura Militar).

Conta o autor um episódio dos anos 50, em que participava como jogador e o pai como técnico de futebol. Pedro Pomar gritava: “Nada de passes sem sentido, para os lados ou para trás. Futebol é bola pra frente”.

A bola pra frente que seria jogada também nos campos da política.

Fonte:Dourados News

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