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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Hipótese de vida em Marte não abala fé dos astrônomos do Vaticano

27/04/2004 15h23 – Atualizado em 27/04/2004 15h23

A hipótese da existência de vida em Marte em nada abala a fé dos astrônomos do Vaticano, que estudam os céus no observatório localizado no andar de baixo do aposento do papa, em sua residência de verão de Castelgandolfo (30 km ao sul de Roma).

Para a comunidade de astrônomos integrada por jesuítas, se a hipótese fosse confirmada, simplesmente demonstraria que Deus deu à natureza a capacidade de criar.

Todos no histórico Specola Vaticana, nome do laboratório astronômico da Santa Sé, fundado há 70 anos, estão tranqüilos: a eventual descoberta de vida em outros planetas em absoluto vai abalar sua fé.

“As descobertas dos robôs norte-americanos enviados a Marte, que detectaram indícios de [que o planeta já teve condições de abrigar] vida em nível bacteriológico, implica que temos que aceitar a hipótese de que a vida se manifestou a partir de uma capacidade dada por Deus à própria natureza”, explica o padre Sabino Maffeo, um físico napolitano de 81 anos.

“Nós, os crentes, não temos problemas”, disse o religioso durante uma palestra na residência do Sumo Pontífice, de onde o papa pode ver, ao longe e em dias claros, a cúpula da basílica de São Pedro, no Vaticano.

“Aceitamos duas hipóteses: a vida se manifestou por onde Deus passou com seu espírito ou Deus confiou à própria natureza o privilégio de dar a vida”, explica.

No entanto, o padre Maffeo evita complicações. “Esperemos que se descubra de verdade a vida em outros planetas. A teologia se ocupa de fatos, não de hipóteses. Encontremos primeiro os marcianos e então veremos”, disse.

“O dia em que tivermos mais notícias, não me surpreenderei”, prometeu o religioso. “Um sábio não crente tem mais problemas, porque não pode afirmar nada sem que seja provado segundo as regras”, explicou.

Há 20 anos, a poluição e o excesso de luz refletida pelas grandes cidades obrigaram os astrônomos jesuítas a procurar outro lugar de observação, mergulhado na escuridão. O local escolhido foi Tucson, no Arizona, nos Estados Unidos.

Protegidos por uma cúpula de madeira, os dois velhos telescópios do observatório romano estão sendo restaurados. Já não são utilizados para o estudo dos astros, mas fascinam os astrônomos amadores e os estudantes, a quem o chefe dos astrônomos do papa revela o céu, assim como as obras originais de Copérnico, que datam do século 17.

Considerado um “poeta das estrelas”, Maffeo se queixa das filmagens captadas por meio de telescópios eletrônicos e promete oferecer “imagens ao vivo”.

Após abrir a velha cúpula de madeira com uma corda, ele mesmo limpa o telescópio e a lente “provisória” instalada há 65 anos, quando a original, uma “Zeiss”, foi enviada à Alemanha para um reparo e se perdeu durante a guerra, acabando em algum lugar da Rússia.

Fonte:BOL

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