29/04/2004 10h02 – Atualizado em 29/04/2004 10h02
Os industriais brasileiros começam a recuperar o otimismo. A pesquisa Sondagem Conjuntural da Indústria da Transformação realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) junto a 1005 empresas de 25 estados indica que 56% dos empresários apostam no crescimento da demanda global no segundo trimestre.
O índice, puxado pelas grandes expectativas de negócios no mercado externo, é o maior desde abril de 1991. Segundo o levantamento, 35% do empresariado pretende contratar e apenas 11% acreditam que terão de reduzir pessoal. A diferença positiva, de 24%, é a melhor desde outubro de 1986. A pesquisa indica maior intenção de abertura de postos de trabalho nos setores de alimentos (59% das empresas), química (54%), mecânica (46%), material elétrico e de comunicações (45%) e material de transporte (39%). No geral, 53% das indústrias prevêem aumento de produção, contra 15% que estimam queda. No primeiro trimestre, apenas 38% acreditavam na alta da produção e 33% apostavam na redução. Segundo a pesquisa, 26% dos entrevistados consideram boa a situação de seus negócios e 19% acham fraca. O saldo de 7% é o melhor desde abril de 2001. A utilização da capacidade instalada (82%) também apresenta o melhor resultado desde aquela data. O setor com maior utilização é o de bens intermediários (87,2%). O menor uso da capacidade aparece no segmento de bens de consumo (75,5%). A maior expansão em relação ao primeiro trimestre do ano, no entanto, ocorreu no setor de bens de capital (produção de máquinas e equipamentos para a indústria de transformação), no qual o nível de utilização da capacidade instalada subiu de 75,1% para 79,8%. Com relação à demanda atual, 18% a consideram forte, 70% normal e 12% fraca. Com saldo de 6%. O resultado é atribuído à alta nas demandas do mercado externo. As exportações devem continuar crescendo na opinião de 57% dos industriais. Apenas 7% acreditam no recuo das vendas para o exterior. Mais uma vez, o saldo (50%) é o melhor da série histórica da pesquisa. Aumento de Preços A má notícia é que 40% das indústrias têm previsão de aumento de preços, uma alta determinada basicamente pela evolução de preços de metais e outras commodities industriais com cotação determinada pelo mercado internacional. A pressão mais forte aparece na indústria mecânica. No primeiro trimestre apenas 24% revelavam intenção de aumento de preços. No segundo, esta intenção cresceu para 54%. Outra alta relevante de intenções ocorre no segmento de produtos farmacêuticos. No primeiro trimestre, 38% das indústrias do setor pretendiam subir preços. Para o segundo trimestre, o índice é de 60%. Em contrapartida, alguns segmentos recuaram na intenção de elevação de preços. No primeiro trimestre, 73% dos industriais têxteis previam aumentos. Agora, este índice caiu para 24%. Outro recuo significativo ocorreu no setor de materiais elétricos e comunicações, no qual a expectativa de aumentos caiu de 45% para 17%. De acordo com a sondagem, o consumidor final ainda não precisa se preocupar com as intenções de aumento de preços na indústria. Segundo o economista Aloísio Campelo, coordenador de pesquisas da FGV, o resultado mostra pressão sobre os preços industriais no atacado. Ele acredita que esse impacto irá se diluir, havendo poucas chances de que os reajustes cheguem ao varejo.
Fonte : Repórter MS