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terça-feira, 10 de junho de 2025

Mídia terá regra rígida para financiar dívida

06/05/2004 10h18 – Atualizado em 06/05/2004 10h18

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que serão impostas condições rígidas às empresas de comunicação candidatas a um eventual refinanciamento de suas dívidas com apoio da instituição.

“Eu acho que a questão do refinanciamento pode, sim, ser examinada. Mas num pacto político-social explícito, em que fique absolutamente claro que o BNDES não vira balcão para negociar favores”, afirmou Lessa, em debate sobre o tema na Comissão de Educação do Senado.

A proposta de um programa de apoio do BNDES às empresas de mídia, apresentada por entidades do setor, é estudada desde 2003 pelo governo. Já há um projeto esboçado, cujo ponto mais controverso é o refinanciamento de dívidas, operação que não faz parte da tradição do banco.

Lessa enumerou três exigências que o BNDES fará nesse caso:

1) créditos de acionistas ou relacionados às empresas terão de ser convertidos em aporte de capital. Acionistas não poderão aproveitar o empréstimo do banco para receber créditos contra a empresa e deixar o negócio;

2) bancos comerciais credores das empresas também terão de participar das operações de refinanciamento, concedendo condições compatíveis com as oferecidas pelo BNDES. Não deverá haver empréstimos diretos do BNDES às empresas;

3) as empresas terão de publicar balanços trimestrais submetidos a auditorias independentes, entre outras normas de transparência.

Para sustentar que essas são regras duras, o presidente do BNDES citou o caso das distribuidoras de energia elétrica, para as quais a instituição também criou uma linha de refinanciamento.

Em março, na mesma comissão do Senado, o vice-presidente do BNDES, Darc Costa, anunciou que o programa de socorro ao setor teria até R$ 4 bilhões, dando como certa a linha de refinanciamento de dívidas do setor, estimadas em R$ 10 bilhões.

Na ocasião, o assunto era debatido com representantes das principais emissoras de TV. Record, SBT e Rede TV!, contrárias ao refinanciamento, apontaram a Globo como a principal beneficiária potencial da operação.

Ontem, em sessão que reuniu representantes da mídia impressa, Lessa foi mais cauteloso e não respondeu diretamente às perguntas sobre a possibilidade de o BNDES refinanciar dívidas.

“Não tenho uma resposta para essa questão. Se eu fosse questionado como pessoa física, diria o seguinte: é extremamente importante não deixar que o setor escorregue para mãos não-brasileiras.”

Lessa disse que, por orientação do governo, o assunto, que envolve questões como a independência editorial das empresas, será discutido com senadores, deputados e a sociedade civil.

Fonte:Folha de S.Paulo

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