02/06/2004 07h10 – Atualizado em 02/06/2004 07h10
O historiador de Brasilândia, Profº Carlos Alberto dos Santos Dutra, o popular Carlito, participou no 28 de maio último de uma mesa redonda promovida pela Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande que reuniu alunos do curso de pós-graduação em Antropologia e acadêmicos de História e Letras daquela importante universidade da capital do Estado.
Durante sua exposição que abordou a história do povo Ofaié, o mestrando em História Indígena pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, procurou manifestar aos participantes que se encontravam nas dependências do anfiteatro do Bloco A que existem muitas formas de escrever a história, mas que “cabia aos verdadeiros historiadores a tarefa de fazer uma interpretação crítica dessa história”. Porque, segundo ele, “há muitas formas de silenciar sobre a história daqueles povos que pensamos não possuir história”, o caso dos povos indígenas Ofaié.
Ao lado de outros três expositores, Profº Celso Smanioto, e dois indígenas, igualmente professores e pesquisadores, Profº Vanderlei Terena e Profº Claudeniro Kaiowá, o Profº Carlito deixou claro que a história “ética”, ou seja, aquela história que é mais representação e criação dos não-indígenas sobre os povos indígenas, nem sempre corresponde a verdade. Ao historiador, conclui o professor, cabe nunca descuidar da perspectiva “êmica”, ou seja, a história a partir do ponto de vista dos próprios indígenas, seus mitos e dinâmicas temporais.
Os Ofaié informou Carlito, no século XIX eram 2.000; no início do século XX estavam reduzidos a 900. Em 1924 já eram menos de 200. Em 1953, na região de Brasilândia, já estavam em 60 pessoas, e em 1978, quando foram transferidos pela Funai de Brasilândia para a região da Bodoquena restaram 24 pessoas. Hoje o grupo volta ao número de 60 pessoas numa configuração bastante miscigenada com indígenas Kaiowá e não-indígenas. A aldeia Ofaié hoje integra uma área de 484 hectares doada pela CESP e que no ano passado foi acrescida de mais 605 hectares conquistados pelos Ofaié do antigo território de seus antepassados nas margens do córrego do Sete.