03/06/2004 13h50 – Atualizado em 03/06/2004 13h50
Seis décadas mais tarde, Katarzyna Adamek ainda se lembra dos gritos vindos dos trens que estacionavam no campo de extermínio de Belzec, onde foi inaugurado, na quinta-feira, um memorial para lembrar os mais de 500 mil judeus mortos ali.
O campo foi criado em fevereiro de 1942 para dizimar as comunidades judaicas do sudeste da Polônia. Foi o primeiro lugar onde os nazistas construíram as câmaras de gás, usadas para matar milhões de judeus.
A polonesa Adamek, que hoje tem 84 anos, viveu na região de Belzec durante a guerra. Ela chorou ao ver líderes judeus e autoridades polonesas inaugurando o memorial.
“Eu me lembro quando eles chegaram nos trens. Eu via os trens e ouvia os gritos dentro deles. Eles estavam tentando pular dos vagões porque sabiam o que ia acontecer”, afirmou.
Em dezembro de 1942, quando os nazistas decidiram que haviam atingido seu objetivo de acabar com os judeus da Polônia, eles pararam com as matanças e começaram a destruir as provas de seus crimes exumaram e queimaram corpos e demoliram os prédios no local.
As cinzas e ossos dos cadáveres ficaram abandonados ali por décadas.
Michael Schudrich, rabino de Varsóvia e de Lodz, disse que a inauguração do memorial era um exemplo da cooperação cada vez melhor entre os poloneses e os judeus nas cerimônias relacionadas com o Holocausto, durante o qual os nazistas mataram mais de 3 milhões de judeus poloneses.
“A inauguração do novo memorial é algo tremendamente importante. Esse é um lugar adequado de repouso eterno. As cinzas e os fragmentos ficaram na superfície desse local por 50 anos. Esses restos mortais foram finalmente colocados para descansar de uma forma digna”, afirmou.
O presidente do país, Aleksander Kwasniewski, e líderes judeus disseram às cerca de mil pessoas presentes na cerimônia que o campo mostrava os perigos da intolerância e o dever de se manifestar contra esse tipo de atrocidade.
“A lição de Belzec é esta: nunca consentir com o mal, mesmo que minimamente. Nunca concordar com o desrespeito e o desprezo pelo que é diferente”, afirmou Kwasniewski.
Segundo Schudrich, antes da construção do memorial Belzec era o “mais esquecido” dos locais do Holocausto na Polônia. Pouco se sabe sobre o campo, e as estimativas sobre o número de mortos variam bastante. Os historiadores dizem que pelo menos 500 mil pessoas morreram ali.
Fonte:Reuters



