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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Greenpeace alerta para contaminação de soja transgênica

22/07/2004 15h10 – Atualizado em 22/07/2004 15h10

O Greenpeace apresentou hoje, em Cuiabá, um dossiê sobre a contaminação da safra de soja convencional ou orgânica pelo cultivo transgênico. O objetivo do lançamento é alertar os agricultores e o governo do Mato Grosso, o Estado brasileiro que mais produz soja, sobre os riscos da contaminação transgênica e suas graves consequências – incluindo prejuízos financeiros –, que já começaram a aparecer no Rio Grande do Sul, por exemplo.

O material, composto por quatro relatórios e o vídeo “Transgênicos — As vítimas da contaminação”, demonstra que o maior risco de contaminação está nas máquinas de cultivar, plantar e colher a soja, nos caminhões utilizados para o transporte do produto e nos silos de armazenamento. Além da contaminação, outro prejuízo para os agricultores que não plantam soja transgênica é a obrigação do pagamento de royalties quando a safra não é segregada ou quando há erros nos testes de transgenia.

“Os agricultores mato-grossenses precisam estar cientes das ameaças dos cultivos transgênicos sobre a produção convencional e orgânica. Além dos danos causados sobre a biodiversidade, os transgênicos também acarretam prejuízos econômicos aos produtores de soja não-transgênica, que precisam arcar com os custos extras para a limpeza do maquinário e a segregação da safra”, afirma o engenheiro agrônomo Ventura Barbeiro, da Campanha de Engenharia Genética do Greenpeace.

Com a safra contaminada por soja transgênica, o agricultor fica impossibilitado de vender sua produção como soja convencional para as cooperativas que pagam preços melhores pelo produto convencional — como a Cotrimaio no Rio Grande do Sul(1). Além disso, caso seja detectada a contaminação, o agricultor será obrigado a pagar royalties por uma tecnologia que não utilizou voluntariamente. De acordo com o contrato firmado entre a Monsanto e as cooperativas e indústrias processadoras de soja(2), esse pagamento deve ser feito sobre a colheita.

Outro sério problema acarretado pela soja Roundup Ready é o surgimento de ervas daninhas tolerantes ao glifosato, provocando o aumento do uso de herbicidas(3). Esse aumento, que já ocorre nos cultivos convencionais de soja, é potencializado nas lavouras transgênicas. Isto acontece porque a soja geneticamente modificada, resistente ao glifosato, exige a cada aplicação uma quantidade maior de herbicida para exterminar as ervas daninhas da plantação.

Do ponto de vista científico, pesquisadores independentes detectaram fragmentos desconhecidos de DNA na soja transgênica que podem se manifestar de maneira igualmente desconhecida, causando consequências imprevisíveis ao ser humano e à natureza(4). Do ponto de vista científico, falta “previsibilidade”, “controle” e “reproducibilidade” na técnica de criação dos organismos geneticamente modificados. Essa imprecisão do método de inserção de genes cria a necessidade de um procedimento de avaliação detalhado e multidisciplinar para garantir a segurança ao consumidor e ao meio ambiente. O Greenpeace defende o “Princípio de Precaução” na realização de avaliações de risco.

Segundo Ventura Barbeiro, o agronegócio é fundamental para o desenvolvimento sócio-econômico do Brasil. “O Greenpeace defende a agroecologia como um modelo de agricultura sustentável para o país”, afirma. “Eliminar o uso de agrotóxicos é essencial para a proteção da biodiversidade”.

Além da apresentação de Ventura Barbeiro, o lançamento do dossiê também teve a participação do agricultor gaúcho Luiz Antônio Schio e do presidente da Associação Xavante Warã, Hiparidi Top’ Tiro, do Mato Grosso. Segundo Hiparidi, para o povo Xavante a agricultura orgânica e sustentável é a única forma de boa convivência entre os agronegócios e as comunidades indígenas.

Fonte:Dourados News

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