22/07/2004 10h31 – Atualizado em 22/07/2004 10h31
Atualmente, no país, quase meio milhão de crianças e adolescentes são trabalhadores domésticos. A atividade afeta a saúde, os estudos e o futuro do jovem, diz o representante da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Renato Mendes.
Dados mostram, por exemplo, que meninas que trabalham têm atraso escolar de até três anos. Quando adultas, têm dificuldade de lutar por melhores salários e condições de trabalho, afirma Mendes. Além disso, ele destaca outro problema: as adultas passam a disputar um emprego com a criança ou adolescente. “Quanto mais crianças menos vagas”, diz. “Reforça o ciclo da exclusão e afeta socialmente e economicamente o país”, acrescenta.
Ana Vaz Cardoso começou a trabalhar com 12 anos como doméstica. Não recebia salário, apenas ajuda para os estudos, que abandonou ainda no primeiro grau. Aos 15 anos, começou a trabalhar em um restaurante e começou a receber salário. Ana diz que gosta de trabalhar, “desde que ganhe dinheiro e seja honesto”. Ela contou que chegou a trabalhar como diarista e ganhar R$ 50 por mês. “Fiquei feliz da vida porque estava trabalhando”, diz. Ana trabalha para dar aos quatro filhos o que não teve. “Quero que estudem, não deixem o colégio como fiz”, ressalta.
Renato Mendes diz que o trabalho doméstico retrata dois fenômenos no Brasil. O primeiro, cultural: “a cultura entende o trabalho doméstico como extensão da condição de ser mulher”. O segundo é econômico. Segundo ele, a mulher precisa trabalhar para sustentar a família e acaba aceitando salários injustos, tem o aproveitamento escolar prejudicado, além de ser um serviço condenado à informalidade.
Nos próximos três anos, a OIT vai financiar alguns projetos do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil que está sendo formulado pelo governo.
Fonte:Agência Brasil
