29/07/2004 15h17 – Atualizado em 29/07/2004 15h17
A nanotecnologia, ciência que opera em uma escala quase infinitamente pequena, oferece tremendo potencial para a humanidade, mas regulamentação é necessária para minimizar riscos futuros, afirmaram hoje cientistas.
A tecnologia que opera em nível de átomos pode criar computadores mais poderosos, materiais a um só tempo leves e resistentes, e técnicas médicas avançadas. Entretanto um relatório da Royal Society britânica, uma academia que reúne os principais cientistas do país, e da Royal Academy of Engineering afirma que mais pesquisas são necessárias para descobrir que efeitos negativos, e positivos, esse tipo de tecnologia pode ter.
Os profetas do apocalipse retratam pesadelos povoados por robôs capazes de se reproduzir que transformariam a Terra em uma “gosma cinzenta”. Também surgiram temores quanto à possibilidades de que materiais criados por nanotecnologia sejam aspirados pelas vias respiratórias, e que esses materiais sejam pequenos a ponto de poderem atravessar as membranas do corpo.
“A maior parte das nanotecnologias não apresenta novos riscos em termos de segurança da saúde, mas acreditamos que pesquisa e regulamentação sejam necessárias imediatamente para tratar das preocupações quanto ao efeito de nanopartículas e nanotubos”, disse a professora Ann Dowling, da Cambridge University, em entrevista coletiva.
Nanopartículas e nanotubos são objetos extremamente pequenos usados na fabricação de cosméticos, chips de computador, filtros solares, janelas autolimpantes e roupas resistentes a manchas. Mas Dowling, que presidiu o grupo de trabalho responsável pelo relatório, disse que há brechas na regulamentação e que os pesquisadores estavam preocupados sobre o impacto potencial das nanopartículas industrializadas.
A nanotecnologia vem fascinando os cientistas com suas possibilidades, e também inspirou temor por seus riscos. O príncipe Charles, do Reino Unido, recentemente expressou preocupação com a nova tecnologia e pediu mais abertura da parte de seus proponentes.
Dowling afirmou que alguns dos benefícios e riscos da tecnologia têm sido “exagerados”. O professor Richard Jones, da Universidade de Sheffield, afirmou que o relatório mostra um surpreendente consenso entre a comunidade científica e ambientalistas.
“O debate precisa ser sobre questões maiores, de longo prazo”, disse Jones em comunicado. “Como nós podemos usar a nanotecnologia para superar a pressão ambiental do mundo e problemas de saúde, estando alertas para novas questões éticas que essa tecnologia tão poderosa pode criar?”
O relatório, que recebeu recursos do governo britânico, sugere que nanopartículas e nanotubos devem ser tratados como novos produtos químicos segundo a legislação européia e do Reino Unido porque têm diferentes propriedades que substâncias maiores.
O documento também pede limites de exposição em locais de trabalho e afirma que nanopartículas deveriam ser aprovadas por uma comissão científica independente antes de serem usadas em produtos de consumo como cosméticos.
Fonte:Reuters





