30/07/2004 08h06 – Atualizado em 30/07/2004 08h06
A sucessão de escândalos e a inépcia administrativa da gestão petista no governo federal vêm desgastando a imagem do Partido dos Trabalhadores. Para evitar uma eventual derrota nas eleições municipais de outubro, muitos candidatos do PT evitam associações com a imagem tradicional do partido e, conseqüentemente, com o governo federal.
As estrelas vermelhas, símbolos petistas por excelência, viraram coadjuvantes no material de campanha de João Coser, candidato a prefeito de Vitória, por exemplo. Constrangido em ver seu nome associado a escândalos como Ágora, Waldomiro Diniz e Vampiros, o candidato não colocou a estrela do partido em seu material de divulgação. A intenção, segundo ele, foi evitar ciúme entre os outros partidos da coligação.
A queda de popularidade do presidente, cada vez mais desgastado pela má gestão macroeconômica, é outro fator decisivo na hora de tirar a estrela do peito. Juros altos, desemprego e inflação crescentes e a falência sucessiva dos programas sociais do governo federal contribuem para que os candidatos escondam a ligação partidária com o presidente.
Por outro lado, o fisiologismo que se instalou no Planalto com a posse petista é sempre louvado. Segundo o cientista político Mauro Petersen, do Iuperj, os candidatos preferem ressaltar a facilidade de acesso a verbas na hora de fazer a conexão com o governo federal, mas pensam duas vezes antes de associar a imagem ao chefe do Executivo.
A estrela sumiu
A cada episódio de corrupção, fisiologismo ou de incompetência do governo, o presidente do PT, José Genoíno, desfia um rosário de subterfúgios para tentar explicar o inexplicável. Como obrou no episódio da compra, pelo Banco do Brasil, de R$ 70 mil em convites para o show da dupla caipira Zezé di Camargo e Luciano, recursos destinados à aquisição da nova e luxuosa sede do partido, em São Paulo.
Não satisfeito com as explicações pueris que vocalizou, Genoíno, em capítulo que envbolve, de novo, o Banco do Brasil, tentou sustentar que a operação entre a instituição financeira que tem como principal acionista o Governo federal e o PT, destinada à aquisição de milhares de computadores, caracteriza-se pela normalidade absoluta.
A incapacidade do presidente do Partido dos Trabalhadores de relacionar-se com a realidade objetiva foi, ontem, mais uma vez manifestada. Ao tomar conhecimento de que a marca símbolo do partido – a estrela vermelha – foi implodida da campanha dos petistas no Espírito Santo, José Genoíno, sem conseguir esconder a estupefação, tentou construir uma teoria sobre o sumiço do corpo celeste que, desde a criação do PT, era motivo de irrestrito orgulho.
A decisão do comando da campanha capixaba do PT de apagar do material de propaganda dos candidatos do partido não deveria, no entanto, surpreender a quem quer que seja. Antes mesmo de o governo Lula da Silva completar dois anos de existência, a administração petista envelheceu, caducou, no rastro constatação da própria incompetência do partido. E, com isso, a marca do PT virou pó, esfarinhou-se.
Ante a constatação identificar-se com o partido que está no Governo contamina a imagem dos candidatos do partido, só restava lançar mão de uma tática cujo objetivo, ao fim, e ao cabo, é, pela descaracterização mercadológico, iludir o eleitorado do Espírito Santo. Que, ao contrário do que finge acreditar o presidente nacional do PT, tomou consciência de que o governo Lula da Silva só é motivo de orgulho para quem pode se aproveitar das benesses do poder.
Fonte: Agência Tucana



