30/07/2004 10h37 – Atualizado em 30/07/2004 10h37
Mais uma morte por hantavirose foi confirmada nesta quinta-feira pela Secretaria de Saúde. Ao todo, o hantavírus já matou dez pessoas no Distrito Federal e Entorno. José Valderi do Nascimento, de 22 anos, é a sétima vítima fatal da doença no DF.
Valderi era morador da área rural de Nova Betânia, em São Sebastião. Ele foi socorrido no dia 18 de julho na Unidade Mista de Saúde de São Sebastião. Quando os médicos notaram o estado do paciente, se apressaram em encaminhá-lo para o Hospital de Base, onde já chegou morto.
O pai José Ribamar do Nascimento, de 64 anos, tem vontade de se mudar de São Sebastião. “Se eu tivesse condições, já tinha me retirado daqui. Não posso ficar parado, tenho que tomar uma atitude”, afirma. A família tem uma casa no bairro do Pedregal, no Novo Gama (GO), mas como não tem trabalho e não é aposentado, Nascimento deve continuar em São Sebastião.
A família, que até o início da noite desta quinta-feira ainda não havia recebido a confirmação do resultado do exame, ficou preocupada. O pai, José Ribamar do Nascimento, de 64 anos, entrou em depressão após a morte do filho. “Se eu tivesse condições, já tinha me retirado daqui”, afirmou.
A mãe, Francisca Ribamar do Nascimento, de 46 anos, comentou que desde a morte do filho, ninguém trabalha na roça. “Ficamos todos assustados. Meu marido vive com pressão alta. Temos de nos mudar”, disse. A família tem uma casa no bairro do Pedregal, no Novo Gama (GO), mas como não tem trabalho e não é aposentado, Nascimento deve continuar em São Sebastião.
O irmão mais velho, José Edilson do Nascimento, 25 anos, demonstrou muita apreensão. “A confirmação só pode ser do meu irmão. Ele foi o único que morreu com a suspeita da doença na região naquele dia (18)”, disse.
Morador do Novo Gama, José Edilson ajuda a cuidar da família desde a morte do irmão. “Na roça de milho onde Valderi trabalhava ninguém chega nem perto. Aqui só estamos fazendo o básico: molhar as plantas e cuidar das galinhas”, afirmou.
A morte
Dona Tica – como é conhecida – conta que, no sábado (17), José Valderi amanheceu com febre. Ele dizia: “Mãe minha cabeça está doendo, balançando”. A família pensou que se tratava de uma gripe. “No domingo, o levamos para o hospital, mas ele já foi morrendo”, desabafou. O pai também não conteve o choro. Soluçando, disse: “ Meu filho era trabalhador, educado, eu não queria que tivesse acontecido isso com ninguém”.
O engenheiro Lúcio de Paula, dono da chácara onde mora a família, foi chamado às 18h do domingo para socorrê-lo. Mediu a pressão do rapaz: “ela estava zerada. Pensei até que fosse a bateria, mas não era”. Imediatamente, ele levou José Valderi para o posto de saúde de São Sebastião. “Mas não houve tempo nem de colocá-lo na ambulância com vida. Ele já chegou morto ao Hospital de Base”.
Equívoco
Após a morte de Valderi, a diretora da Vigilância Epidemiológica, Disney Antezena, afirmou que seria operacionalmente impossível visitar as áreas rurais do DF periodicamente. “No Brasil inteiro, não há essa necessidade técnica de visitas”, disse.
De acordo com José Edílson, fiscais de saúde estão visitando a área rural de São Sebastião todos os dias desde a morte de seu irmão. “Só não vieram ontem (quarta-feira) e hoje (quinta-feira)”, disse.
O que parecia impossível agora é realidade. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/DF) capacitou 220 pessoas, por meio de seus 16 escritório no DF, para atuarem no combate à doença na área rural. “Só nesta semana, visitamos mais de 1,5 mil propriedades rurais”, disse o assessor da empresa, José Carlos Cortês.
Segundo a Emater, o trabalho foi difundido por igual. No entanto, em áreas onde foram confirmados casos da doença, a ação está sendo acentuada. “Nossa preocupação é estender as informações educativas às áreas rurais onde ainda não aconteceram nada. Essas pessoas desconhecem o perigo”, concluiu.
Fonte:Correio web




