05/08/2004 09h20 – Atualizado em 05/08/2004 09h20
Pela segunda vez, a violência do tráfico chocou quem passava pela passarela de acesso à estação Fazenda Botafogo do metrô, em Acari. Ontem pela manhã, a cabeça carbonizada de um jovem identificado apenas como Rodrigo foi deixada no local. A cena de horror foi produzida quase 24 horas depois da prisão de Alberico de Azevedo Medeiros, o Derico, 28 anos, líder do tráfico na Favela de Acari e conhecido como o degolador do metrô. Segundo a polícia, Derico, da facção Terceiro Comando Puro (TCP), é suspeito da morte de Luciano Alex dos Santos, 29, cuja cabeça foi abandonada no mesmo local, dia 10.
Dessa vez, porém, a vítima seria do bando de Derico – capturado, terça-feira, por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) em Maringá, no Paraná. Sob a cabeça, num papelão, foi deixado, por escrito, um recado para a quadrilha de Acari: “A.D.A. – Esse é mais um EXP (exemplo) p/ os Cuzão de Acari. Taca Bala/Suadinho/Peteca/Papo Reto”.
Rapaz foi pego por grupo que vestia coletes da polícia
Segundo as investigações, Derico mandou matar Luciano porque ele teria traído o grupo, passando informações para o bando rival Amigos dos Amigos (ADA). Dessa vez, os investigadores responsáveis pelo caso receberam informações de que Rodrigo, que teria 20 anos, foi atacado por um grupo de seis a oito homens que usavam coletes da Polícia Civil, por volta das 21h, na Fazenda Botafogo. Rodrigo seria morador da região conhecida como Beira, no Parque Colúmbia, Pavuna, dominada pelo TCP. Há informações de que o corpo teria sido jogado no Rio Acari.
Os bandidos que assinaram o cartaz – Taca Bala, Suadinho, Peteca e Papo Reto – são do grupo do traficante conhecido como Arafat, ligado à ADA. Ele controla o tráfico na divisa do Parque Colúmbia com o Morro da Lagartixa, em Costa Barros. Seu reduto fica na localidade conhecida como Afeganistão.
Ontem de manhã, o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, disse que as duas cabeças abandonadas do metrô de Fazenda Botafogo podem ter relação. “Não descarto a ligação entre as duas degolas. Vamos investigar”, afirmou o delegado.
Derico nega ser o degolador do metrô e ter assassinado Luciano Alex dos Santos. “Não tenho conhecimento disso, e nem estava lá. O cara era meu amigo. Sou cristão”, defendeu-se. O criminoso alega ter abandonado o tráfico e se convertido à Assembléia de Deus dos Últimos Dias.
Bocas-de-fumo sob a gerência de Negro Tula
A polícia não acredita na versão dele. Investigadores contaram que Derico tornou-se religioso há cinco meses, mas que não abandonou o tráfico. Ele teria ‘arrendado’ suas bocas-de-fumo por R$ 3 milhões mensais ao traficante Negro Tula, um dos seus homens de confiança.
Fonte:O Dia