05/08/2004 14h11 – Atualizado em 05/08/2004 14h11
Mais duas crianças da nação indígena xavante que vivem num acampamento à margem da BR-158, município de Alto da Boa Vista, foram internadas ontem pela manhã num hospital do município de Água Boa, região leste de Mato Grosso, com pneumonia e desnutrição grave.
Além das três mortes registradas na semana passada, com esses dois novos casos subiu para 14 o número de internações de crianças com os sintomas semelhantes: diarréia, desnutrição, febre e infecção pulmonar.
Mas a saúde das crianças xavantes não é a única preocupação da Fundação Nacional do Índio (Funai) no momento. A pneumonia e desnutrição representam riscos iminentes também para os idosos, segundo o administrador do órgão em Goiânia (GO), Edson Beiriz.
Como os índios continuam vivendo em condições precárias, sob barracos de lona, sem água tratada, alimentação inadequada e respirando a poeira da rodovia, Beiriz acredita que os idosos podem apresentar os mesmos problemas de saúde. “Se isso acontecer, a situação foge ao controle”, alertou ele.
Ontem dois médicos e uma enfermeira padrão seguiram de avião para o acampamento dos xavantes levando medicamentos, soro e outros produtos. Hoje, adiantou Edson Beiriz, uma nutricionista, mais uma enfermeira e dois engenheiros sanitaristas reforçam a equipe de assistência aos índios.
No próximo dia 18, dois membros da Comissão de Relatoria do Meio Ambiente e Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) chegam ao acampamento indígena para levantar a condições de vida do índios. Essa vistoria atende um pedido do Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad), entidade que reúne instituições não-governamentais de meio ambiente e desenvolvimento humano.
O secretário geral do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em Brasília, Sebastião Carlos Moreira, representante da entidade no Formad, acompanhará a vistoria. Como ocorre habitualmente, a ONU pode denunciar a situação dos xavantes a organismos internacionais como violação de direitos humanos, além de pedir providências ao governo brasileiro.
NA JUSTIÇA – Devem chegar em Cuiabá ainda hoje o administrador da Funai de Goiânia, Edson Beiriz, e representantes dos índios para uma audiência na Justiça Federal. Junto com procuradores do Ministério Público Federal, eles querem uma solução para o caso dos mais de 460 xavantes que há quase 10 meses estão acampado à margem da rodovia na expectativa que reocuparem suas terras.
Quase 170 mil hectares de terras naquela região estão ocupadas por fazendeiros, posseiros e sem-terra. E recentemente, uma decisão judicial impediu os índios de retornarem a área.
Para Beiriz, a única alternativa para solucionar os problemas de saúde enfrentados pelos índios seria o retorno imediato deles a pelo menos parte de suas terras, onde pudessem pescar, colher frutos nativos, caçar e plantar. “Faltam a eles alimentação propícia”, completou o administrador da Funai
Fonte:Diário de Cuiabá





