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sábado, 13 de dezembro de 2025

Acusado de fraudar vestibulares é milionário

11/08/2004 09h24 – Atualizado em 11/08/2004 09h24

As fraudes nos vestibulares de universidades de todo o País enriqueceram o acusado de ser o líder da quadrilha mais atuante no ramo, o goiano Jorge Nascimento Dutra, de 42 anos. Conforme foi apurado em investigação do MPF (Ministério Público Federal), ele ficou milionário ao longo de vários anos de atuação no esquema de venda de gabaritos das provas, a ponto de movimentar até R$ 2 milhões por mês em determinados momentos.

Procuradores da República no Acre, que investigam os passos de Jorge Dutra juntamente com a Polícia Federal, constataram a existência de um patrimônio significativo em nome de Jorge, de seus familiares e de sua companheira. Entre os bens, estão um centro esportivo, dez chácaras, cinco terrenos, dois lotes, um apartamento, um escritório, uma fazenda, cinco carros importados e outros três carros nacionais. Com exceção do escritório particular, todos os outros imóveis estão localizados em Anápolis, cidade onde ele morou. Já a maioria dos veículos tem placa de Goiânia.

A Justiça Federal já expediu mandado de prisão para Jorge Dutra, que continua foragido. O rosto dele foi mostrado em diversos jornais e programas de televisão, incluindo o Fantástico, da Rede Globo, mas até agora não há pistas de onde ele possa estar. Se existem, a PF não as divulga com o propósito de não atrapalhar as buscas. De acordo com o procurador da República Marcus Vinicius Macedo, um dos responsáveis pela investigação das fraudes, é provável que Jorge Dutra esteja fora do País. “Devem surgir pistas em breve. Tecnologia de ponta está sendo utilizada para encontrá-lo”, afirma.

A dificuldade em localizar Jorge Dutra pode estar associada a diferentes fatores. Um deles é a fácil disponibilidade de dinheiro e bens do acusado. Segundo estimativa do MPF, o suspeito de ser o líder da quadrilha faturava em média R$ 500 mil a cada golpe – o preço médio cobrado de cada vestibulando que recebia a cola eletrônica é de R$ 15 mil.

Outro fator que dificulta o trabalho da polícia é a existência de uma verdadeira rede de pessoas no esquema, com diferentes funções. O POPULAR mostrou ontem que nove corretores faziam a captação de candidatos em diversos Estados do País e até na Bolívia. A PF conseguiu essa informação a partir dos depoimentos do goiano Alessandro Alves da Silva, 28, e da romena Ioana Rusei Dutra, 30, acusados de pertencerem à cúpula da quadrilha e que estão presos no Acre.

Para averiguar a movimentação financeira de Jorge Dutra, o MPF solicitou à Receita Federal dados sobre a declaração de renda e a movimentação bancária dele, de sua mãe, da companheira e de vários acusados de integrar a quadrilha. Com os dados em mãos, o MPF constatou que a movimentação bancária era incompatível com a renda declarada à Receita. “Alguns dos bens, segundo as respectivas certidões de registro, foram adquiridos ao ínfimo preço de 1 real e alguns centavos”, relata uma ação civil pública movida pelo MPF.

Ainda segundo informações dos procuradores da República, Jorge Dutra teria transferido a maioria de seus imóveis para sua mãe, Geralda Francisca Dutra, e para sua companheira, Maria de Lourdes Dias, a Lourdinha. Isto teria ocorrido em 2001, “de maneira criminosa e fraudulenta”.

Conforme a investigação do MPF, a romena Ioana casou-se com Jorge Dutra apenas para permanecer no Brasil e continuar a realizar as fraudes. Era ela um dos principais pilotos – integrantes do esquema que respondem às provas com rapidez e em seguida repassam as respostas para os candidatos – do grupo, e chegou a ser chamada pela PF de alienígena superdotada. Lourdinha seria a verdadeira companheira de Jorge. O MPF informa na ação que outros dois supostos membros da quadrilha também enriqueceram de maneira ilícita.

A rede de contatos e o enriquecimento ilícito parecem não ter sido os únicos instrumentos utilizados por Jorge Dutra no comando do grupo. A mãe de Alessandro Alves, Maria José de Lima e Silva, conta que o filho sofreu ameaças de morte um mês antes da prisão. “Abordaram-no com um revólver na porta de casa, intimidando-o a voltar a trabalhar com Jorge.” Maria José conta que Alessandro era muito amigo de Ioana e que os dois foram presos juntos. Segundo o MPF, Alessandro era responsável pela cooptação e pelo treinamento dos vestibulandos que iriam utilizar a cola eletrônica. “Meu filho não era amigo de Jorge. A vida dele está em risco”, sustenta a mãe. Informações do jornal O Popular.

Fonte:O Pantaneiro

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