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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Delcídio deve assumir a liderança do PT no Senado

13/08/2004 13h57 – Atualizado em 13/08/2004 13h57

O senador Delcídio Amaral (PT-MS) é o nome do Palácio do Planalto para assumir a liderança do partido no Senado no ano que vem, vaga atualmente ocupada pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC). No partido e no Planalto, ele é considerado um parlamentar equilibrado e de fácil trânsito nos partidos da oposição.

Segundo informações apuradas junto ao PT, Delcídio tem o apoio do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, e a proposta de colocá-lo na liderança vinha sendo cogitada há dois meses, mas ganhou corpo há duas semanas.

“Do lado do Zé (Dirceu) está absolutamente claro que Delcídio será o novo líder”, disse uma fonte do PT, argumentando que a proposta ainda tem de ser votada pelo partido.

Colegas do senador consideram-no novato por não ter tradição no partido. Ele esteve a um passo de se filiar ao PSDB, mas foi convidado pelo PT em 2001 para lançar sua candidatura ao Senado Federal.

Delcídio, de 49 anos, é engenheiro, foi ministro de Minas e Energia do governo Itamar Franco (setembro de 1994 a janeiro de 1995) e ocupou uma diretoria da Petrobras.

Apesar da troca de parlamentar para a liderança ser habitual, a definição de um nome com tanta antecedência é incomum.

Uma das explicações de senadores petistas é que a pressa foi estimulada pelo desempenho, considerado “insatisfatório”, de Ideli Salvatti na condução da bancada e na negociação com a oposição.

“Eu estou cansado de tanta confusão no Senado e 2005 é um ano importante para o governo”, teria dito Dirceu a um colega ao justificar o nome de Delcídio.

Segundo um senador petista, Ideli “não conseguiu controlar a rebeldia de alguns integrantes de seu partido” e, em algumas situações, colocou “lenha na fogueira” ao defender o governo ou criticar a oposição na tribuna.

“Nós passamos este ano um problema de transição… tivemos muita divergência interna no PT”, justificou a senadora.

CULTURA DE OPOSIÇÃO

Ideli paga parte da conta de vários fracassos no Senado, como na instalação de uma comissão mista para propor um novo valor do salário mínimo e na derrota da votação da medida provisório que proibia os bingos.

“Ideli tem cultura de oposição. Às vezes conseguíamos fazer costuras com a oposição para votar alguma matéria e ela subia na tribuna, irritava a oposição e colocava tudo a perder”, disse um colega de legenda.

A senadora Ideli, que confirmou à Reuters a informação de sua substituição, afirmou que começou a observar o movimento “pró-Delcídio” desde junho e que não vê problema na troca de nomes.

“O Delcídio é candidato à liderança no ano que vem… mas é bom numa bancada como a nossa ser sempre líder por unanimidade”, disse, acrescentando que, quando assumiu o posto, o fez com todos os votos favoráveis a seu nome.

Ela argumenta que o senador encontrará uma casa arrumada, sem muitos incêndios para apagar, já que o governo aposta que em 2005 a economia brasileira estará melhor e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá popularidade em alta, o que daria menos munição para a oposição e aproximaria a base até então desunida.

“O ponto positivo é que ele (Delcídio) tem trânsito, circula bem, tem pontes mais fáceis com a oposição… Em compensação, ele também é recém-chegado no PT. Ele não entra em bolas divididas, você nunca vê o Delcídio polemizando”, avaliou Ideli.

O nome de Delcídio ainda precisa passar pelo crivo da bancada, atualmente com 13 senadores. Mas como José Dirceu é atualmente o padrinho político do senador, parlamentares julgam que não será uma tarefa difícil levá-lo à liderança.

Delcídio quer candidatar-se a governador do Mato Grosso do Sul em 2006 e o novo posto lhe daria mais visibilidade.

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