27/09/2004 15h14 – Atualizado em 27/09/2004 15h14
MS Noticias
O embargo russo à carne brasileira já está preocupando o grupo Margen, com sede em Rio Verde (GO). São 23 frigoríficos em sete estados: Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Roraima, Pará, Mato Grosso e Tocantins. O grupo exporta para a Rússia há dois anos e hoje a negociação chega a 2 mil toneladas por mês. A direção do frigorífico anunciou que já reduziu o abate em 20% para evitar prejuízo. A estratégia é direcionar a exportação para mercados alternativos, como o Egito e Argélia, que pagam menos que o mercado russo. No corte dianteiro desossado, por exemplo, a Rússia paga US$ 1.650 por tonelada, enquanto o Egito compra por US$ 1.450 a mesma quantidade.
O embargo também está sendo sentido pelos criadores da região de Maringá, no Paraná. O Raçalto Brasil Agropecuário negociou na semana passada, com uma redução de R$ 4 na arroba do boi. O grupo vende uma média de 40 cabeças de gado por mês para um dos frigoríficos da região que exporta para a Rússia. No lote vendido esta semana, a arroba foi negociada a R$ 58, quando na semana passada estava R$ 62. “Também já há uma forte pressão dos comerciantes locais para diminuir o preço da carne”, reclama o gerente administrativo, Paulo Eugênio Moro. O Raçalto tem 12 mil cabeças de suínos e negocia com açougues e supermercados maringaenses gerando um faturamento mensal de R$ 400 mil. O gerente estima que deve haver uma queda de 10% nesse valor devido ao embargo.
O Sindicato da Indústria da Carne do Paraná estima que, se o embargo se prolongar por mais de uma semana, o prejuízo diário para o estado será de US$ 400 mil.
Segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), de janeiro a agosto desse ano, o Brasil exportou para a Rússia 134 mil toneladas de carne bovina, 199 mil toneladas de carne suína e 145 mil toneladas de carne de frango, numa movimentação de US$ 547 milhões. O Paraná ocupa é o segundo maior exportador.
Este foi o segundo embargo russo à carne brasileira em quatro meses. O primeiro foi em junho, quando o governo da Rússia confundiu Pará com Paraná. Um foco de aftosa foi identificado em um rebanho em Monte Alegre (PA). O novo foco foi registrado em Careiro da Várzea (AM) e a suspensão das compras foi anunciada pelo governo russo no dia 20.
