28/09/2004 09h28 – Atualizado em 28/09/2004 09h28
Reuters
O governo tailandês disse hoje ter encontrado o primeiro caso provável de uma pessoa sendo infectada com o vírus da gripe aviária por outra pessoa. Entretanto, insistiu que se tratava de um incidente isolado que apresentava um risco pequeno para a população.
Segundo o governo tailandês, uma mulher de 26 anos, morta em 20 de setembro, pode ter contraído o vírus H5N1 quando cuidava da filha de 11 anos, que tinha a doença. “Isso teria acontecido devido à exposição direta, prolongada e íntima entre as duas”, afirmou o governo em um comunicado, acrescentando que nenhum enfermeiro do hospital havia adoecido.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, participam da investigação do caso e concordaram que ele “não representava um risco de saúde significativo para a população”.
“O que estamos vendo na Tailândia poderia ser mais uma vez uma dessas transmissões ineficientes, que não têm continuidade entre humanos”, disse Klaus Stohr, chefe do programa de gripe global da OMS.
Mas ele ressaltou que o caso era preocupante por causa da possibilidade de o vírus ter sofrido mutação para se tornar transmissível mais facilmente. A morte da mulher eleva para dez o número de tailandeses vitimados pelo H5N1. No Vietnã, 20 pessoas morreram em consequência da doença.
Os especialistas já advertiram para a possibilidade de o H5N1, que se espalhou por grande parte da Ásia no começo deste ano, sofrer uma mutação e adquirir a habilidade de passar facilmente de uma pessoa para outra. Esse novo vírus provocaria uma grande epidemia, como a da gripe espanhola de 1918, que matou 20 milhões de pessoas. Mas os especialistas concordam que não há provas sugerindo que o vírus tenha sofrido uma mutação.
Scott F. Dowell, um especialista do CDC, disse esse caso era uma exceção. “Como a mãe morava em outra cidade, ficou mais fácil ter certeza de que o modo de transmissão mais provável era o de pessoa para pessoa”, afirmou. “Isso não nos diz necessariamente que o vírus mudou”.
A filha morreu no dia 8 de setembro. Uma tia da criança, com quem a menina vivia enquanto a mãe trabalhava, também foi contaminada pelo H5N1, mas estaria se recuperando.