14/10/2004 16h59 – Atualizado em 14/10/2004 16h59
Dourados News
O couro em sua fase final de acabamento poderia facilmente dobrar o valor do produto exportado para outros países, segundo disse esta manhã, durante inauguração do CTC (Centro Tecnológico do Couro), em Campo Grande, o diretor-presidente da Embrapa, pesquisador Clayton Campanhola.
Segundo ele, em âmbito nacional são US$ 3 bilhões exportados na fase wet blue e que se cumpridas todas as etapas de beneficiamento chegariam a US$ 6 bilhões. Tomando isso para Mato Grosso do Sul, o valor exportado de janeiro a agosto subiria de US$ 27,8 milhões a US$ 55 milhões.
Justamente com objetivo de irradiar essa tecnologia, obter resultados de pesquisas que apontem para a pele de maior qualidade e, especialmente, capacitar mão-de-obra à indústria do acabamento do couro é que vem o CTC, observa o pesquisador.
O secretário de Produção e Turismo, José Antônio Felício, ressalta que dados do próprio setor apontam a qualidade superior do couro de Mato Grosso do Sul, tendo apenas 15% de defeitos, enquanto a média nacional é de 30%. Isso, explica, se deve aos abates precoces e conseqüente menor exposição da pele.
O CTC foi construído em área cedida pela Embrapa, na saída para Aquidauana. As obras iniciaram em janeiro do ano passado e custaram ao Estado em torno de R$ 530 mil, totalizando, com equipamentos, investimento de R$ 1,8 milhão.
Consistem em um depósito de materiais, um barracão de 500 metros quadrados que abriga os equipamentos para curtir o couro, um poço artesiano e três sistemas de tratamento de efluentes que garante o reaproveitamento total da água utilizada e risco zero de contaminação ambiental.
A questão ambiental foi o foco do discurso do secretário de Desenvolvimento do Centro-Oeste, Athos Magno, que falou sobre a importância de projetos que proporcionem agregação de valor e geração de empregos, mas que sejam sustentáveis, respeitando o meio ambiente. Athos ressaltou que o Estado tem uma condição diferente dos outros e exige a preservação de sua biodiversidade. Comentou também que é preciso modificar a visão que há em Brasília do Mato Grosso do Sul, de que é um Estado rico, pela aproximação com o Sul e Sudeste, e apontar as necessidades.
A produção anual de couro no Estado é de 4 milhões de peles, inspecionadas pelo serviço federal. Com mercado crescente na Europa e também de interesse da China, o couro cresceu 293% na pauta de exportação de Mato Grosso do Sul de janeiro a agosto deste ano em comparação a equivalente período de 2003, segundo apontam os dados da balança comercial. São US$ 27,8 milhões em fase wet blue, primeiro estágio de beneficiamento, participação de 6,33% nas exportações total que coloca o produto em sexta posição no ranking dos mais negociados.
Em termos de preço no mercado externo, o produto valorizou 125%, de US$ 1,02 o quilo a US$ 2,3 . Tanto a valorização quanto o aumento de exportações pode refletir o aumento de qualidade do produto ofertado, considerando o alto nível de exigência do mercado externo.