18/10/2004 09h17 – Atualizado em 18/10/2004 09h17
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Morreu aos 60 anos na manhã de sábado o ator, diretor e produtor teatral Antônio de Andrade. Tonhão, como era conhecido por amigos, escorregou e caiu na frente de sua casa, no momento em que transportava parte do cenário da peça infanto-juvenil Sopa de Pedra, que seria apresentada no Sesc São Caetano. Levado para o hospital, morreu no caminho.
Hipertenso, ainda não se sabe se a causa de sua morte foi por ter batido a cabeça na queda ou por enfarte. “Ele ficou tonto, seu sobrinho o levou para o hospital e, no caminho, tentou massagem cardíaca, mas ele já chegou morto”, diz o ator Nívio Diegues, que desde 1998 integra o elenco de Sopa de Pedra, de Tatiana Belinky, uma das bem-sucedidas montagens dirigidas e produzidas por Antônio de Andrade. “Apresentamos a peça em São Caetano, era o melhor que podíamos fazer por Tonhão”, disse Diegues. “O laudo definitivo só sairá em 30 dias”, informou seu sobrinho.
Dezenas de artistas acompanharam durante toda a madrugada o velório, no Cemitério do Horto, no Jardim Tremembé, bairro onde o ator morava, em São Paulo. “Ele era muito querido, um grande trabalhador do teatro”, diz Fauzi Arap, que dirigiu Antônio de Andrade na montagem de Santidade, de José Vicente, que reabriu o Teatro Crowne Plaza, em novembro de 1997. Nessa peça, Tonhão interpretou o homossexual Ivo, uma de suas mais elogiadas atuações. “Antônio de Andrade, no papel do homem mais velho, é a única representação da verdadeira inocência e o ator compõe seu personagem com extrema delicadeza para evitar o ridículo”, escreveu a crítica Mariangela Alves de Lima.
Nascido no dia 3 de junho de 1944, ele veio de Caruaru para São Paulo ainda jovem e logo começou a atuar. Chegou a integrar o grupo Macunaíma, de Antunes Filho, mas antes de participar do primeiro espetáculo. No Teatro Brasileiro de Comédia, participou do elenco de peças como o drama Leonor de Mendonça, de Gonçalves Dias, e a comédia O Noviço, de Martins Pena. Em 1978, estava no elenco da superprodução que inaugurou o Teatro do Sesi na Avenida Paulista, O Poeta da Vila e Seus Amores, de Plínio Marcos. Daí em diante, participaria de todas as produções da primeira fase desse teatro, sob direção de Osmar Rodrigues Cruz, entre elas A Falecida, de Nélson Rodrigues, Muito Barulho por Nada, de Shakespeare, e O Rei do Riso, de Luiz Alberto de Abreu.