26/11/2004 15h11 – Atualizado em 26/11/2004 15h11
Folha online
Após dois aumentos nos últimos 42 dias, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, já não descarta a hipótese de novos reajustes dos combustíveis ainda neste ano.
Ontem, a Petrobras anunciou a elevação do preço da gasolina em 4,2% e do diesel em 8% a partir de hoje. Também ontem, a ministra Dilma Rousseff (Minas e Energia) havia dito que os reajustes seriam os últimos deste ano e que não haveria novos aumentos também nos primeiros meses de 2005.
Hoje, entretanto, Gabrielli afirmou que um possível reajuste neste ano vai “depender do mercado”. Ou seja, da cotação do petróleo no mercado internacional.
Após atingir US$ 55,67 em outubro, o barril de petróleo recuou para patamares mais próximos a US$ 49 em Nova York nesta semana. O mercado acredita que, permanecendo nesses patamares, não haveria mais necessidade de elevar o preço dos combustíveis no Brasil por causa do petróleo.
Entretanto, caso o preço da commodity volte a subir, poderia haver um novo aumento. Na ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgada ontem, os diretores do Banco Central admitem que novas turbulências no mercado de petróleo poderiam ter impacto sobre a inflação e levar a um aumento mais agressivo da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic).
Eleições
O diretor da Petrobras também admitiu que a estatal foi influenciada pelas eleições municipais em suas decisões de reajuste. No dia 14 de outubro, a empresa reajustou a gasolina em 4%.
O mercado e o BC avaliaram que o aumento não era suficiente para cobrir a defasagem do preço interno com o mercado internacional e falaram abertamente que seria necessário um novo reajuste.
A Petrobras, entretanto, adiou o anúncio do novo aumento, que foi realizado apenas ontem.
Questionado se a Petroras levou em consideração as eleições em sua avaliação do mercado, Gabrielli disse: “A eleição é um fenômeno político que afeta a economia tanto no Brasil como no exterior. Nós levamos isso em conta, nós estamos no mundo real”.
A afirmação contradiz todo o discurso adotado pela diretoria da Petrobras nos últimos meses. Os diretores da empresa sempre afirmaram que a política de preços da empresa leva em consideração apenas critérios técnicos.




