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terça-feira, 16 de dezembro de 2025

Reportagem denuncia charlatanismo

03/12/2004 16h45 – Atualizado em 03/12/2004 16h45

Da redação

Ao tomar conhecimento através de um outro órgão de imprensa que um pseudo babalorixá, Jorge de Oxumaré, está na cidade atendendo pessoas que necessitava de conforto espiritual, através de consulta aos búzios africanos, prometendo uma vida diferente no próximo ano, além de desunião familiar, nervosismo, vícios, problemas judiciais, entre tantas outras situações que aflige as pessoas no dia a dia estressante, o babalorixá revelava que indicaria uma solução certa para esses problemas. A reportagem do Perfil News resolveu tirar isso a limpo, promovendo uma reportagem investigativa. Para isso, foi designado o editor chefe, jornalista Olair Nogueira e a publicitária Ana Maria Paris, que marcaram, pelo telefone um horário para ser atendido pelo babalorixá. No contato telefônico, um ajudante do babalô, acertou com o jornalista o valor e o horário, às 10 horas da “consulta simples” que custaria R$ 30 reais, enquanto a “consulta especial” sairia pelo preço de R$ 50 reais. Nessa consulta incluiria as previsões para o ano de 2005.

CHEQUE

Munido de máquina fotográfica, um mini gravador e um cheque do Banco do Brasil, no valor de R$ 30 reais, o jornalista em companhia da publicitária foram ao hotel Modelo, localizado no centro da cidade, para a suposta consulta. O babalao, o esperava no saguão do hotel, em trajes típicos de Cadomblé. Sem se apresentar como jornalista, o jornalista foi levado a um quarto improvisado no primeiro andar do hotel. Enquanto isso, a publicitária Ana Maria ficou aguardando o término da consulta, no térreo do hotel. Segundo Nogueira, o quarto estava decorado com adereços africanos, conchas, búzios, velas, pedras coloridas, e uma mesa no centro do quarto.

CONSULTA

O jornalista se apresentou com um nome fictício, pois o babalao, não pediu nenhum documento ao cliente, apenas a sua data de nascimento, que escreveu em uma folha em branco. Baseado nos números da data de nascimento, ele fez algumas equações, e relatou ao cliente a sua atual situação, classificando-o, como uma pessoa muita nervosa, com problemas de insônia, era muito fechado, e que alguém estaria tentando destruir a sua vida. O mestre disse também que sua esposa estaria para receber uma boa herança que resolveria todos os seus problemas. Essa herança seria proveniente do falecimento do seu sogro, que por sua vez era um alcoólatra. Embora o jornalista dissesse que era casado, ao mesmo tempo não usava nenhuma aliança que provasse tal afirmação. Mesmo assim, o mestre não desconfiou de nada, continuou jogando búzios e relatar as previsões. O mestre disse que os búzios estavam indicando que o jornalista tinha uma ação na Justiça, e que a decisão seria favorável.

CARMA

O babalô disse ao jornalista que ele tinha muito “carma negativo” e que para resolver de vez o problema, seria necessário fazer um descarrego nas águas. Para isso, não era necessário se dirigir a um local que tivesse um riacho ou algo parecido, mas, que no quarto mesmo daria para fazer o trabalho pela bagatela de R$ 400 reais. Nogueira concordou em fazer descarrego, mas como estava desempregado, iria a agencia bancária para tirar o dinheiro da poupança. O mestre disse então que se ele não tivesse dinheiro, poderia pagar em cheque pré-datado, já que o descarrego teria que ser feito até, sábado, que era o dia de Santa Bárbara.

CHARLATÃO

O jornalista Olair Nogueira, entende que o método utilizado pelo babalao é puro charlatanismo. “Todas as previsões do mestre eram falsas e infundadas. Não sou casado e sim, separado. Não tenho nenhuma herança para receber. Não tenho problemas com insônia. Estou muito bem empregado e não tenho nenhuma ação na justiça. Além disso, sou uma pessoa extremamente calma” disse Nogueira. A consulta é como se fosse um jogo de palavras ensaiadas. Tudo que ele fala, é como se estivesse decorado. Uma pessoa incauta, que está passando por dificuldades, com certeza, vai encontrar nas palavras do mestre o caminho de uma falsa felicidade, finalizou o jornalista.

ALERTA

Procurado pelo jornalista, o Delegado Titular do 1º Distrito Policial, Carlos Roberto Giacomelli, pediu para que formalizasse uma denúncia através de um Boletim de Ocorrência e fez um alerta para esse tipo de engodo, como classificou a situação. “A população deve tomar muito cuidado como pessoas que prometem vantagem além do normal. Não acreditem em falsas promessas, pois ninguém tem o poder o bastante para prever o futuro”.

Giacomelli orientou também que a as pessoas que se sintam lesadas, não somente nesse caso, se tiver ocorrido, mas em outros, que procurem o Distrito para registrarem ocorrência.

O Delegado informou que já houve casos na Cidade de situação semelhante. As vítimas ficaram sem suas jóias e sem dinheiro. O babalorixá prometia benzer as peças para que trouxesse prosperidade. O babalô sumiu horas depois e nunca mais foi visto.

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