04/12/2004 09h06 – Atualizado em 04/12/2004 09h06
MS Noticias
O embarque fluvial de 100 toneladas de material de construção, garantirá a conclusão, em janeiro de 2005, da escola especial que o governo do Estado está construindo na região do Paraguai-Mirim, no Pantanal do Paiaguás, distante 120 km de Corumbá pelo rio Paraguai. O carregamento partiu do Porto Limoeiro, em Ladário, em um ‘boieiro”, com 35 m³ de areia, seis mil tijolos, 250 sacos de cimento, 270 m² de laje pré-moldada e 30 m³ de brita.
A escola atenderá a uma comunidade de ribeirinhos que vive do comércio de iscas, onde mais de 80% de adultos e crianças são analfabetos, conforme constatou a Secretaria de Estado de Educação em censo realizado durante cadastramento das famílias para o Programa Segurança Alimentar, em junho. As aulas terão início em 11 de fevereiro de 2005 com uma turma de 40 alunos, dividida em dois grupos e um calendário diferenciado, que leva em conta as peculiaridades do lugar, como a cheia no Pantanal.
A área de influência da nova escola abrange mais de 100 famílias, que habitam pequenos casebres à beira do rio Paraguai, numa região distante e isolada do centro urbano. A alfabetização das crianças, além de proporcionar uma nova perspectiva de vida através da inclusão social, será fundamental para tirá-las do trabalho insalubre de catar iscas com os pais, uma atividade natural de quem não tem outra alternativa para sobreviver. As iscas são vendidas aos atravessadores e turistas.
Para construir a escola, o Governo Popular adquiriu uma área de mata na fazenda Ilha Verde, abaixo da “boca” do Paraguai-Mirim, totalizando 650 m² à beira do rio Paraguai. Com recursos do Fundo de Investimento Social (FIS), de R$ 213 mil, a estrutura já surge além do barranco, em palafitas, para suportar a inundação natural na região. Além das dificuldades de acesso, o calor e o pernilongo incomodam os operários da construtora DCA Engenharia, responsável pela obra.
“Aqui, você mexe na massa e se defende do mosquito, ao mesmo tempo”, diz o mestre-de-obras Sebastião Lima, 55 anos, o “Flecha”, natural de Porto Murtinho. Segundo ele, depois de dois meses (a obra teve início em outubro, com o primeiro carregamento 70 toneladas de material pelo rio), os operários já estão se acostumando com a temperatura e a nuvem de pernilongos que surge da mata fechada. “A turma já reclama menos, mas no começo foi um deus nos acuda, insuportável.”
Internato – Com 269,36 m² de área construída, a escola terá duas salas de aula, sendo uma de múltiplo uso; refeitório, alojamento para 30 pessoas, banheiros, lavanderia, dormitório para professores, poço artesiano, cozinha e área de recreio. O projeto, em execução pela Agência de Gestão e Empreendimentos (Agesul), prevê, ainda, a construção de um atracadouro para pequenas embarcações, geralmente botes de madeira construídos pelos próprios ribeirinhos para sua locomoção diária.
Em regime especial, a unidade funcionará como sistema de internato, com duas turmas se alternando a cada 15 dias. Em inspeção à obra esta semana, o arquiteto da Agesul, Luiz Mário Anache, informou que o governo do Estado deverá adquirir uma lancha para transportar os alunos, alguns residindo a mais de 30 km do local. Também detalhou que o prédio será elevado a uma altura de 1,20 m do solo, atingindo a mais de 3 m em relação ao nível do rio Paraguai, e funcionará com energia solar.





