04/12/2004 08h43 – Atualizado em 04/12/2004 08h43
Agência Estado
Vinte anos depois, a lembrança do maior acidente químico da história – ocorrido na cidade de Bhopal, na Índia, na madrugada de 3 de dezembro de 1984 – ainda ocupa lugar central nas preocupações de todos os que, de algum modo, lidam com este segmento industrial. Por ser uma das quatro cidades brasileiras que sediam ou estão bem próximas a pólos petroquímicos, além da capital federal, Salvador foi escolhida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para realizar um evento em memória às cerca de 500 mil pessoas atingidas pela tragédia.
Durante toda a manhã de ontem, representantes de trabalhadores e empresários da indústria química, de órgãos governamentais e da sociedade organizada estiveram reunidos no auditório da Fundacentro para relembrar a sucessão de fatos e omissões que levou à morte, diretamente, cerca de oito mil pessoas da pequena cidade de Bhopal, por conta da emissão acidental de uma nuvem venenosa de metil-isocianato produzida na fábrica da Union Carbide Corporation. Na pauta, debater e refletir sobre a imensa necessidade de tentar evitar que se repitam fatos assim, os chamados grandes acidentes industriais.
Promovido pelo Grupo de Eventos Tripartites (GET), o evento faz parte das ações de prevenção de grandes acidentes químicos patrocinadas pela OIT, com apoio do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo a chefe do setor de segurança e saúde no trabalho da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), Carla Paes, “a proposta é não apenas lembrar a tragédia, mas também mostrar o que tem sido feito para evitar que ela volte a acontecer”. A programação foi aberta com um minuto de silêncio em memória das vítimas indianas e contou com a apresentação de um filme sobre o acidente (O acidente de Bhopal: impactos imediatos e posteriores), seguido por palestras e debates.
PROTESTO – Cerca de 1.500 sobreviventes da tragédia e seus simpatizantes protestaram ontem em frente à fábrica fechada da empresa Union Carbide para exigir justiça por aqueles que ainda sofrem os efeitos do pior desastre industrial já ocorrido no mundo.
Outro grupo de manifestantes realizou o enterro simbólico de Warren Anderson, que era presidente da Union Carbide na época do acidente, ocorrido em 3 de dezembro de 1984. Um boneco de Anderson foi queimado pelos manifestantes.
“Um acidente como o de Bhopal não pode voltar a acontecer em nenhum outro lugar do planeta”, disse Balkrishna Namdev, um defensor dos direitos humanos, durante discurso aos manifestantes. “Não importa o quanto vá demorar. Nossa luta por justiça deve continuar.”





