14/12/2004 08h25 – Atualizado em 14/12/2004 08h25
A Tarde online
No mesmo dia em que caiu o muro que matou a estudante Bruna Luís Oliveira Portela, de 12 anos, em frente à sua casa, na Rua João Mendes da Costa Filho, em Armação, a Coordenadoria de Defesa Civil (Codesal) emitiu notificação determinando que a Empresa André Guimarães Construções, proprietária do imóvel, demolisse toda a extensão do muro divisório, considerando que “houve o desabamento parcial e existe ainda risco iminente de novo desabamento”.
A notificação foi emitida às 18h25 do último dia 10 de dezembro, cerca de três horas depois do acidente. A presteza com que algumas caçambas tentavam desobstruir o local do acidente, recolhendo o entulho pouco depois do desabamento, chegou a gerar protestos por parte dos moradores. Eles impediram o serviço, alegando que poderia comprometer o trabalho da perícia técnica que está apurando o fato.
Foi a quarta vez que este muro caiu, de acordo com Iany Farias Pires, síndica do Condomínio Luciana, onde mora a família de Bruna. Da última vez, no início do ano, ela pediu providências à construtora, dona do terreno de 14 mil m². A estrutura de sustentação do muro teria que ser reforçada e retirado o entulho acumulado no local, mas a construtora teria refeito apenas a parte destruída.
O diretor comercial da construtora André Guimarães, Denis Guimarães, alega que o peso do entulho jogado no terreno por moradores do local pressionou o muro, causando o desabamento. “Quem joga lixo em local inadequado é responsável por esses acidentes. Vamos processar civilmente esses condomínios”, disse Denis Guimarães.
No entanto, a montanha de entulho chegava quase à altura do muro, e o material vinha-se acumulando há vários meses. O terreno foi limpo, pela última vez, no início deste ano, segundo o representante da construtora.
Os escombros do muro derrubaram o telefone público pelo qual a garota falava e ainda atingiram um carro que estava estacionado na rua. Uma viga de cimento caiu sobre Bruna, que foi socorrida por uma equipe do Salvar, mas morreu a caminho do hospital. No final de semana, o entulho e os escombros foram retirados do local. Os proprietários do terreno cercaram a área com tela.
“Minha irmã teve uma parada respiratória provocada pelo peso dos escombros que caíram sobre suas costas.
Ainda estamos muito abalados, mas queremos que os responsáveis pela irregularidade sejam punidos”, disse Fernanda Portela, 27 anos, irmã da vítima. A família de Bruna está acionando advogados para cuidar do caso.





