15/12/2004 09h23 – Atualizado em 15/12/2004 09h23
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A festa na chegada de Daiane dos Santos no Brasil, ontem, após a conquista da medalha de ouro na final da Copa do Mundo de Ginástica (domingo), dividiu espaço com a polêmica sobre a possibilidade de realização de uma nova cirurgia no joelho da atleta. A necessidade de intervenção foi ventilada pela própria ginasta durante a disputa em Birmingham, na Inglaterra, na semana passada.
A declaração, entretanto, ganhou proporções não previstas por Daiane: virou notícia nacional, deu um susto na família, rendeu um puxão de orelhas por parte da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e transformou o assunto em sinônimo de irritação para a campeã.
“Foi um mal-entendido. Só respondi a uma pergunta de um jornalista e disse que esta (a cirurgia) é uma possibilidade”, declarou ela, em Curitiba, durante uma teleconferência promovida pelo patrocinador Brasil Telecom, com jornalistas de vários estados do Brasil.
“Quero que os meus joelhos fiquem bons, que não doam mais. Agora eles estão ótimos, deixa isso para depois. Se eu fizer, vocês vão ficar sabendo. Estão falando tanto nisso que estão me irritando”, desabafou Daiane, descartando o sigilo que envolveu a retirada de um pedaço cartilagem do joelho direito realizada em junho dois meses pouco antes do Jogos Olímpicos.
Se não impediu a presença na Grécia, comprometeu sua preparação. “A grande diferença da Olimpíada para a Copa do Mundo foi o treino. “Quando fiz a cirurgia tinha que conciliar muitas coisas, como a fisioterapia, descanso. Tive um tempo maior para treinar agora”, reconheceu.
E é exatamente a longa inatividade em caso de uma nova operação que preocupa. “O problema é que se operar fico seis meses parada, perco várias etapas da Copa do Mundo e não sei como voltarei física e tecnicamente. Se deixar como está, só terei que escolher as competições que vou participar. Porque não poderei forçar tanto os joelhos para agüentar até a Olimpíada de Pequim (2008)”, disse, ainda na Inglaterra. Além da Copa do Mundo, no calendário 2005 contra o Mundial de Ginástica, na Austrália, em novembro.
Ontem, a supervisora da CBG, Eliane Martins, foi além. “Para a ginástica pode ser fatal. A pessoa pode se desviar da disciplina do esporte, entrar em outro ritmo de vida, engordar, não recuperar a técnica. Não se sabe qual seria a reação após tanto tempo parada.”
Por tudo isso, Eliane disse que as chances de mais uma operação são de apenas 5%. “O doutor (Mário) Namba prefere outro tipo de tratamento”, informou (o médico foi contactado mas não retornou a ligação).”Está tudo bem com o joelho. Se não ela nem poderia estar treinando como está. Inclusive ficamos surpresos aqui no Brasil quando ouvimos toda essa história. Achamos que ela tinha se machucado”, contou Eliane, que pediu mais cautela nas declarações de Daiane.
O susto também atingiu a família da ginasta, em Porto Alegre. “Quase não consegui trabalhar quando fiquei sabendo”, contou a mãe Madga dos Santos, que esteve em Curitiba ao lado do marido para recepcionar a filha.”Fazendo ou não a cirurgia, quero que 2005 seja melhor do que 2004”, torce Daiane.



