22/12/2004 08h04 – Atualizado em 22/12/2004 08h04
Jovem Sul News
No dia 22 de dezembro faz 16 anos que Chico Mendes foi assassinado.
Coincidentemente está em Chapadão do Sul, Gomercindo Rodrigues, 45 anos, engenheiro agrônomo e advogado. Foi assessor direto e amigo pessoal do líder sindical, o seringueiro Chico Mendes, assassinado no Acre.
Gomercindo Rodrigues (Guma) nasceu em Caracol (MS), estudou o primário em Bela Vista e Bonito, o segundo grau em Campo Grande, Agronomia em Dourados e direito em Rio Branco (AC). Foi assessor direto e amigo pessoal de Chico Mendes de 1986 a 1988. Está em Chapadão do Sul em visita à sua irmã, Maria Gleice, esposa do engenheiro agrônomo e gerente da Fazenda Planalto (SLC), Alfheu Grega Cavalcanti.
O engenheiro e advogado Gomercindo foi líder de movimento estudantil em Mato Grosso do sul, companheiro de Zeca do PT e participou das eleições de 1982 em dobradinha com Zeca do PT, candidato a deputado estadual e Gomercindo candidato a deputado federal. Gomercindo não foi eleito e o governo do estado ficou com o PMDB.
Sem condições de emprego na esfera governamental de Mato Grosso do Sul, recebeu convite de um amigo para ir a Rio Branco (AC), onde trabalhou na COLONACRE, Colonização e Desenvolvimento do Estado do Acre, estatal de colonização e em seguida na EMATER, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Acre.
Em pouco tempo pediu demissão. Não conseguia atender exclusivamente aos interesses governamentais. Estava seguidamente ao lado dos trabalhadores rurais, defendendo em primeira instância os interesses da classe trabalhadora.
Em 1985 adquiriu um sítio e passou a ser um trabalhador rural. Após sofrer duas malárias, ficou impossibilitado de continuar na atividade e em 1986 iniciou o assessoramento ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri (AC), onde tinha Chico Mendes como presidente.
Como assessor direto de Chico Mendes, participou de palestras no Rio de Janeiro, São Paulo, Itália, Suíça, Estados Unidos e Canadá, em defesa dos produtos extraídos de forma sustentável da floresta Amazônica.
Este era o propósito de Chico Mendes, promover o desenvolvimento do homem seringueiro em harmonia com o meio ambiente, população ribeirinha e indígena. Por este mesmo motivo é que interesses contrários aos ideais de Chico Mendes o assassinaram.
Garante Gomercindo, que os assassinos de Chico Mendes erraram o tiro. Seu assassinato somente fez fortalecer os seus ideais, além de promover a justiça em outros casos de assassinatos de líderes sindicais no país.
Gomercindo teve a premunição de que o seu companheiro iria ser assassinado. Durante todo aquele ano de 1988, sentia-se a presença de pistoleiros em frente à casa de Chico Mendes. Gumercindo morava em um quartinho nos fundos da casa e ao abrir a janela, todas as manhãs, via pelo menos um pistoleiro de plantão. Da mesma forma, sentia a presença dos mesmos próximo ao escritório do sindicato e da cooperativa dos seringueiros, que administravam. Estranhamente, Gomercindo sentiu, nos dias que antecederam ao assassinato, a falta dos pistoleiros. No entardecer do dia 22 de dezembro, recusou o convite do amigo Chico Mendes para participar de uma partida de dominó, que jogava com os policiais que faziam a sua guarda. Pegou sua moto, às 18h30 e saiu pelas ruas da pequena Xapuri para averiguar, mais uma vez, a ausência dos pistoleiros. Ao retornar, 30 minutos após, Chico estava sendo socorrido por populares. Havia tomado um tiro ao sair de dentro da casa.
A partir daquele dia, anualmente é realizada a semana de Chico Mendes, que vai de 15 de dezembro, dia do seu aniversário de nascimento, até 22 de dezembro, dia do seu assassinato. Na semana são realizados congressos, palestras e lançados movimentos que fortalecem os ideais de Chico Mendes.
NOTA: Norbertino Francisco, repórter do Jornal Novo Tempo foi presenteado por um livro escrito por Gomercindo Rodrigues: “Caminhando na Floresta”. Oportunamente comentaremos o conteúdo da obra.





