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sexta-feira, 19 de dezembro de 2025

Margen inicia demissão de 3 mil funcionários no MS

28/12/2004 09h47 – Atualizado em 28/12/2004 09h47

Silvia Frias – Midiamax

A partir de hoje todas as unidades do Grupo Margen no País vão paralisar as atividades, demitindo os dez mil funcionários em oito Estados brasileiros. Somente em Mato Grosso do Sul, serão demitidos cerca de três mil pessoas, resultado direto da operação deflagrada pela Polícia Federal que prendeu os diretores da empresa acusados de crimes de formação de quadrilha, lavagem de ativos, sonegação fiscal e de contribuições previdenciárias.

O Grupo Margen acumula dívida de R$ 145 milhões com a Receita Federal e Previdência Social. O advogado Ney Moura Teles, que representa o Grupo Margen, explicou ao MidiamaxNews que com a prisão dos diretores foi impossível a manutenção das atividades e os abates, que chegavam a oito mil cabeças por dia, foram reduzidos a 15% da capacidade, até a paralisação total. “Tivemos quase de dois meses de muito esforço para continuar. Mas, depois de certo tempo, não tivemos outra maneira e tomamos a solução que foi adiada por várias vezes”, contou.

O resultado inevitável e por muitas vezes prorrogado foi definido esta semana. Os dez mil funcionários que atuam nas unidades de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Acre, Tocantins, São Paulo e Paraná serão demitidos hoje; os dez abatedouros e cinco distribuidoras também fecharão as portas. A suspensão das atividades no mercado interno e de exportação vão significar uma perda de 10% no faturamento estimado em pelo menos R$ 2,3 bilhões. O montante angariado com vendas externas previsto para 2004 era de US$ 100 milhões que também terá quebra no índice estimado.

Mais atingido

Ney Moura avaliou que Mato Grosso do Sul será o mais atingido pela decisão. Serão três mil funcionários demitidos das unidades de Batayporã, Coxim, Paranaíba, Três Lagoas e Naviraí. Os cortes já começaram em Batayporã, onde 360 trabalhadores já foram dispensados. A unidade abatia uma média de 700 cabeças ao dia.

“Mantemos unidades em cidades menores, que vão ter a economia comprometida; os produtores que negociavam com o grupo Margen vão ter que negociar por preço mais baixo devido a oferta, mas na ponta, o preço da carne vai aumentar”, avaliou.

O advogado espera que ainda hoje o habeas corpus dos diretores do grupo seja apreciado. A partir da liberação de todos, as atividades serão retomadas gradualmente. Ney Moura descarta a hipótese de decreto de falência, já que as dívidas com os credores estão sendo pagas e os contratos suspensos antes que seja necessário aplicar multa pagamentos retroativos. “Vamos aguardar “.

Escândalo

Por causa do escândalo envolvendo o Grupo Margen, os bancos suspenderam as linhas de crédito e os frigoríficos ficaram sem capital de giro para as negociações. Com redução gradativa dos abates, a empresa deixou de honrar os compromissos com os exportadores que deixaram de efetuar os pagamentos, suspendendo os contratos de venda.

Os diretores do grupo, presos desde o dia 1º de dezembro, ainda não tiveram o recurso de liberdade apreciado pela juíza federal Janete Lima Miguel Cabral, da 2ª Vara Federal de Campo Grande. O habeas corpus foi protocolado em Mato Grosso do Sul, Estado que comandou a Operação Perseu, desencadeada pela Polícia Federal. No período, foram expedidos 13 mandados de prisão e 63 de busca em apreensão em oito estados. Foram apreendidos documentos, dólares e jóias avaliadas em R$ 40 mil.

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