07/01/2005 14h48 – Atualizado em 07/01/2005 14h48
Valor, adaptado por Equipe BeefPoint
Cinco meses depois de arrendar três abatedouros para o frigorífico Margen, o grupo Torlim, proprietário do frigorífico Amambai, vai retomar as unidades de abate. E, ao mesmo tempo em que retoma as plantas, o grupo inicia um processo de reestruturação, precipitado pela própria crise do Margen, admite o diretor-executivo e um dos sócios do grupo, Jair Lima.
Em agosto de 2004, conta Lima, o grupo decidiu arrendar as unidades por um ano para o Margen. “O objetivo era se reorganizar nesse período”, afirma Lima.
Mas a crise do Margen, deflagrada pela denúncia de sonegação fiscal, adiantou a decisão de iniciar agora a reestruturação da empresa. Para dar curso ao processo, o grupo procurou o Instituto Brasileiro de Gestão e Turnaround (IBGT) e contratou a Alliance Partners e a Cokinos Auditores e Consultores, empresas especializadas em profissionalização e gestão.
Diante dos problemas do Margen, os contratos de arrendamento foram rescindidos, explica Lima, e as plantas localizadas em Maringá (PR) e Ponta Porã e Amambai, ambas no Mato Grosso do Sul, voltaram às mãos do grupo. As unidades, que abatem 2.500 animais diariamente, voltarão a operar em fevereiro.
Com história semelhante a de outros grupos que atuam no abate de bovinos, Lima entrou no negócio de carne como proprietário de uma rede de açougues, em 1982, em sociedade com Waldir Torelli. O primeiro frigorífico dos dois sócios começou a operar em 1987. Hoje, além dos três frigoríficos que estavam arrendados para o Margen, o grupo tem uma planta em Paranatinga (MT), alugada para o Marfrig, e duas unidades de abate no vizinho Paraguai, nas cidades de Concepção e em Assunção, que faturam sozinhas US$ 80 milhões.
Com a reestruturação, que visa melhorar a rentabilidade e a eficiência da produção e reduzir os custos financeiros por meio da integração entre venda e produção, o Amambai espera dobrar, em um ano, o faturamento com as unidades brasileiras, que foi de R$ 800 milhões em 2003.
Além disso, o Amambai quer ampliar a receita com as exportações de carne bovina, que até o ano passado correspondiam a 30% do faturamento. “Queremos elevar as exportações para 80% da receita em um ano”, observa Lima.
A empresa, que tem habilitação para vender para Europa, Rússia, Chile, entre outros países, aposta no bom desempenho das exportações este ano para chegar a esse resultado.
Para atingir as metas, haverá ampliação de turno de produção em Maringá, que abate 1.500 animais por dia e pertenceu à americana Cargill. Serão contratados 400 novos funcionários na unidade, que emprega 1.100. Em Amambai são 500 e em Ponta Porã 300.
Com a reestruturação, a empresa também vislumbra a entrada no mercado de capitais e se prepara para buscar um parceiro estratégico no exterior, no futuro, diz Jorge Queiroz, do IBGT. O grupo reconhece, porém, que a profissionalização, ainda incipiente no setor, é fundamental para que isso ocorra.
Na avaliação de Eduardo Lemos, da Alliance, e de Marco Antônio Costa, da Cokinos, outros frigoríficos devem investir na profissionalização, a exemplo do Amambai.
A reestruturação do Amambai ocorre num momento em que o grupo trava uma disputa na Justiça para não recolher Funrural dos pecuaristas. Em março de 2004, teve propriedades rurais indisponibilizadas pela Justiça Federal, por conta da acusação de que deve R$ 67,3 milhões ao INSS. Lima afirma que o valor se refere ao Funrural não repassado ao INSS. Segundo ele, o grupo se ampara numa liminar da Justiça Federal, de 2000, que deu à empresa o direito de não recolher o imposto. “Não somos repassadores”, argumenta ele.