30/06/2005 07h52 – Atualizado em 30/06/2005 07h52
Terra
A promotoria apresentou ontem um urso de pelúcia que pertencia a Suzane Louise von Richthofen dentro do qual ela guardava uma pistala calibre 22. Do buraco nas costas do brinquedo, o promotor Roberto Tardelli retirou uma bolsa preta onde estavam escondidas a arma e quatro caixas de munição, informou o jornal O Estado de S.Paulo. Suzane, que deixou a prisão nesta quarta-feira, é acusada do assassinato de seus pais, Manfred Albert e Marísia von Richthofen, em outubro de 2002, juntamente com os irmãos Christian e Daniel Cravinhos de Paula e Silva – Daniel namorava Suzane na época.
“Dá para medir o perfil de quem mantém um mimo destes em casa”, disse Tardelli. Trata-se de uma arma nova, com número de fabricação, mas sem registro no Sistema Nacional de Armas (Sinarm). A pistola semi-automática não havia sido encontrada pela polícia quando a casa dos Richthofen foi revistada em outubro de 2002, logo depois do crime.
Com a descoberta da arma, Suzane agora vai responder a mais uma acusação: a de porte ilegal de arma. Esse crime, segundo o promotor, é autônomo, pois não tem relação com o assassinato dos pais.
A história do bichinho de pelúcia começou em junho passado, quando Andreas, o irmão de Suzane, foi visitá-la na prisão. “Ela lhe pediu que fosse ao quarto da casa da família e pegasse um ursinho de pelúcia, pois nele havia algo escondido que ela não gostaria que viesse à tona”.
Andreas fez o que a irmã lhe pediu, mas contou ao tio deles, Miguel Abdalla, o que havia dentro do brinquedo. Abdalla procurou a promotoria, que apreendeu os objetos. O promotor continuou ontem a criticar a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, por três votos a dois, decidiu conceder habeas-corpus a Suzane sob a alegação de que sua prisão não estava bem fundamentada.
“Dizer que Suzane não representa risco à sociedade é uma temeridade com a qual não podemos concordar. Se for verdade, 80% dos presos devem ser libertados, pois cometeram crimes mais leves que o dela”, disse Tardelli ao jornal O Estado de S.Paulo. Na opinião do promotor, não havia razão processual que justificasse a libertação da moça. “Não sabemos mais o que é grave. A menina linda, loira e rica que matou o pai e a mãe está solta”.