05/08/2005 10h46 – Atualizado em 05/08/2005 10h46
Gazeta Mercantil
Aos poucos, a capital portenha se impõe como destino da moda para milhares de turistas homossexuais, que apreciam a qualidade da noite argentina e a amável recepção da população local.A “movimentação gay” de Buenos Aires atrai também profissionais do turismo, a ponto de que em breve abrirá suas portas o primeiro hotel cinco estrelas gay no histórico bairro de San Telmo.Este empreendimento é uma iniciativa do espanhol Juan Juliá, também proprietário do hotel Axel de Barcelona, um dos primeiros criados especificamente para a comunidade homossexual. Por sua vez, o grupo Atlantis organizará o primeiro cruzeiro 100% gay da América do Sul.Os 684 passageiros que embarcarão no “Insignia” zarparão de Buenos Aires no dia 17 de fevereiro com destino ao Rio, passando pelas cidades uruguaias de Montevidéu e Punta del Este.A escolha de Buenos Aires não é inocente: a cidade está se projetando na frente entre os destinos favoritos dos homossexuais na América Latina, segundo um empresário do ramo do turismo.”O Brasil está em baixa, fundamentalmente devido à falta de segurança e também porque as pessoas procuram destinos novos”, explicou Carlos Meliá, que dirige uma agência de viagens gay na capital argentina.Meliá recebe em média de 25 a 30 clientes por mês – principalmente procedentes da Europa e dos Estados Unidos – que querem se aventurar nos bares, boliches e bates portenhas.Este entusiasmo dos homossexuais explica-se também pela desvalorização do peso, em janeiro de 2002, que tornou a Argentina um destino mais barato para os turistas estrangeiros.”Mas eles vêm também experimentar esta atmosfera gay friendly característica de Buenos Aires”, assegurou Meliá. Desde dezembro, a capital argentina a única cidade da América Latina que reconhece a união civil entre homossexuais.Há algumas semanas, um funcionário do Senado foi autorizado a tirar dez dias de licença para viajar em lua-de-mel com seu companheiro homossexual. Além disso, ressaltou Meliá, “aqui não há gueto”.Segundo o empresário, San Telmo recebe muitos argentinos e estrangeiros, mas isto se deve ao atrativo do bairro e não à sua qualidade gay friendly. Apesar disso, Augusto reúne toda quarta-feira seus amigos gays argentinos e estrangeiros para dançar o tango no tradicional bairro de Buenos Aires.Kalervo Baker, um britânico de origem finlandesa, não perde nenhuma destas festas desde que chegou a Buenos Aires, há três semanas, pois, embora tenha vindo sobretudo por causa do tango, aprecia particularmente a noite argentina.”Ser gay aqui é fabuloso, os homens são realmente belos”, afirmou, sem perder de vista seu amigo brasileiro que chacoalhava no meio da pista.
