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quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Lula diz ter noção da crise e nega campanha

09/08/2005 16h36 – Atualizado em 09/08/2005 16h36

Terra

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou nesta terça-feira uma mensagem ao presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Majella, em função da abertura da 43ª Assembléia Geral dos Bispos, no distrito de Itaici, em Indaiatuba (SP). No texto, Lula diz ter “plena noção” da atual crise política no País e nega que os discursos inflamados que têm feito sejam “antecipação de campanha eleitoral”. O presidente afirmou que continuará “a andar pelo país, animando nossa gente e celebrando como vitória do povo as muitas ações do governo”. Entre elas, segundo Lula, o aumento do número de empregos formais – cerca 3,31 milhões em junho – e o número de beneficiados pelo programa Bolsa-Família. Confira a íntegra da mensagem Meu Prezado Dom Geraldo Majella, Tomo a liberdade de lhe escrever esta mensagem por ocasião da abertura de mais esta Assembléia Geral da CNBB. Dirigindo-me à sua pessoa, quero dirigir-me a todos os Senhores Bispos, Arcebispos e Cardeais que compõem a Igreja Católica no Brasil. Em primeiro lugar quero desejar pleno êxito a esta Assembléia em Itaici. Como em tantas outras oportunidades da História recente do nosso País, as decisões e orientações da Assembléia da CNBB têm sido referências fundamentais para a formação espiritual, ética e política do povo brasileiro. Esta Assembléia ocorre num momento muito particular de nosso País, em que uma crise política nos atinge fortemente. Quero, com toda a franqueza, afirmar-lhe que tenho plena noção da gravidade do processo que estamos vivendo e de como ele precisa ser superado para que o País retome sua vida normal de desenvolvimento e inclusão social. Reafirmo que minha determinação tem sido no sentido de que todos os erros e desvios devam ser apurados e punidos, doa a quem doer. Naquilo que é papel e função do poder Executivo, todo o rigor de combate a qualquer tipo de corrupção, deverá ter continuidade. Como os dados podem demonstrar, nunca na história desse País a Polícia Federal teve atuação tão incisiva,assim como a Controladoria Geral da União. Na mesma perspectiva, espero que os processos nas demais esferas de poder tenham um desfecho breve, maduro e conseqüente. Tenho, sinceramente, a esperança de que este seja um processo purificador para a vida política do País e para a afirmação dos princípios democráticos e dos valores republicanos. Tenho a consciência de que não podemos frustrar as expectativas de nossa gente, particularmente dos mais pobres. Ao mesmo tempo, Dom Geraldo, tenho envidado todos os esforços para que a crise política não paralise nosso Governo e nosso País. O que tem sido interpretado, muitas vezes maldosamente como antecipação de campanha eleitoral é justamente um empenho do Governo para sinalizar à sociedade brasileira que o País continua crescendo e que deve continuar a se desenvolver de forma sustentável. Nesta perspectiva, continuarei a andar pelo País, animando nossa gente e celebrando como vitória do povo as muitas ações do governo, que tendo sido planejadas e cultivadas, agora começam a render os frutos almejados. Quero lhe assegurar neste sentido, que se a atual crise me entristece, ela, de maneira alguma, abate meu ânimo e minha disposição de trabalhar e governar. Quem já passou por tantas dificuldades como eu, não tem direito de se abater. E Deus não tem me faltado. Confesso, Dom Geraldo, que dentre tudo que conseguimos realizar neste período, dois aspectos me trazem especial alegria e satisfação: de um lado, o crescimento do número de empregos formais, que atingiu a casa dos três milhões, 135 mil e 12, no mês de junho passado. Estes postos de trabalho, embora insuficientes para as nossas necessidades, representam um número treze vezes superior à média mensal do Governo passado; por outro lado a implementação sustentada das políticas sociais, onde o Bolsa-Família assume a posição de carro chefe e já beneficia 7.500.000 famílias, sendo um instrumento poderoso de inclusão social. Só menciono estes dois avanços como sinal da reafirmação de nosso compromisso com a superação dos graves desequilíbrios sociais acumulados ao longo de décadas, com a afirmação da dignidade humana em todos os momentos e circunstâncias e com a rigorosa proteção do direito dos indefesos. Neste sentido quero, pela minha identificação com os valores éticos do Evangelho, e pela da Fé que recebi de minha Mãe, reafirmar minha posição em defesa da vida em todos os seus aspectos e em todo o seu alcance. Os debates que a sociedade brasileira realiza, em sua pluralidade cultural e religiosa, são acompanhados e estimulados pelo nosso Governo, que, no entanto, não tomará nenhuma iniciativa que contradiga os princípios cristãos, como expressamente mencionei quando tive a honra de receber a Direção da CNBB no Palácio no Planalto. Quero encerrar colocando-me à disposição da Presidência da CNBB e de todos os membros do Episcopado, para que possamos dar continuidade ao diálogo que até hoje tem marcado nossa convivência. Tenho convicção que o exercício da consciência crítica da Igreja, que tem como referência a Fé e o Evangelho, constitui-se numa contribuição fundamental para a construção de um Governo justo e democrático. Receba minha fraterna saudação, Luiz Inácio Lula da silva Presidente da República Federativa do Brasil

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