27/09/2005 07h31 – Atualizado em 27/09/2005 07h31
Terra
A polícia de Minas Gerais revelou ontem ter prendido em flagrante, na cidade de Belo Horizonte, o garçom Eduardo Gabriel de Barros Dornelas, 22 anos, sob acusação de ser um cracker – hacker perito em invadir computadores e capturar dados bancários e de cartões de crédito via Internet. De acordo com o titular da Delegacia Especializada na Repressão de Crimes e Fraudes Informáticos (Dercife), Walter Freitas, o rapaz estava de posse de uma lista com pelo 200 nomes de correntistas e donos de cartões de crédito. O delegado estima que, só em cartões de crédito da bandeira Visa, as supostas operações do rapaz tenham causado prejuízos da ordem de R$ 18 mil. “Ainda não sabemos quantas pessoas foram lesadas, mas não devem ser poucas”. Eduardo Gabriel nega as acusações. Natural de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, Eduardo Gabriel já havia cumprido quatro meses e meio de prisão após ter sido preso naquela cidade, ano passado, acusado de integrar uma quadrilha especializada em fraudes via Internet. Na última sexta-feira, foi preso novamente, desta vez em uma lan-house (casa de jogos eletrônicos) do centro de Belo Horizonte, onde estaria, segundo a polícia, enviando e-mails com mensagens contendo um programa, escondido, que captura dados bancários de quem as recebe e abre. O programa é o Trojan W32, um código malicioso que infecta arquivos em versões 32 bits do Windows, cuja função é a de coletar informações pessoais sem que a pessoa que o recebeu saiba. O programa se instala no computador, e, a partir daí, toda vez que ela faz uma transação bancária ou com cartão de crédito, o trojan captura os dados e os envia para o remetente. Nesse caso, conforme a polícia, para Eduardo Gabriel. Chorando, o garçom disse apenas ter recebido as mensagens, e negou a prática de operações ilícitas. “Se eu tivesse dinheiro, não estaria devendo. Se fosse expert em computadores, não estaria preso”. Ele foi autuado em flagrante por estelionato e apropriação indébita, no Departamento de Investigações, na Lagoinha. Eduardo Gabriel disse que como está desempregado, ficava na lan-house jogando e conversando nas salas de bate-papo. “Foi numa dessas salas que eles enviaram esses dados para mim. Recebi apenas por curiosidade”, alegou. A advogada Lenyr Dornelas, mãe de Eduardo Gabriel, não se conformou com a prisão do filho. Ela disse que ele seria vítima de uma quadrilha organizada que atua em Juiz de Fora, e cuja ação está na 32ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro. Meu filho foi ameaçado de morte por essa quadrilha. Eu o mandei para Belo Horizonte porque era perseguido”.




