28/09/2005 10h15 – Atualizado em 28/09/2005 10h15
Terra
O marceneiro Reginaldo Bandeira Bezerra disse ontem numa emissora de rádio que se dispõe a vender um órgão para bancar sua ida à Itália, onde a filha Ana Lúcia Bandeira Bezerra morreu no domingo. Ele pediu ajuda ao Itamaraty e ao Consulado da Itália no Rio, mas ambos se negaram a bancar o traslado do corpo para o Brasil ou a viagem de parentes à Itália. O caso provocou escândalo no país europeu porque Ana Lúcia teve uma overdose de cocaína na casa do galã de novelas Paolo Calissano, que está preso. Depois de ir à representação do Itamaraty e ao consulado, Bezerra foi à emissora de rádio e fez o apelo aos ouvintes. Ele teme que, na falta de alguém para fazer o reconhecimento, o corpo seja sepultado como de indigente. “Minha filha não pode ser enterrada como um cachorro. Ela é cidadã brasileira”. “Não tenho dinheiro nem para pagar minhas contas. O cidadão brasileiro não é nada no Brasil, é um ‘Zé Ninguém’. Eles disseram que, para ir, tenho de pagar as despesas”, disse Bezerra, que está desempregado e mora em Belford Roxo, na Baixada Fluminense. O Itamaraty informou que não tem verba orçamentária para traslados, mas disse ter oferecido à família de Ana Lúcia ajuda para liberar a documentação para o envio do caixão. O cônsul-geral da Itália no Rio, Ernesto Massimo, disse que só poderia custear o transporte se Ana Lúcia fosse cidadã daquele país. “O governo brasileiro é que teria de pagar. Cada país ajuda seus cidadãos”. Irmão de Ana Lúcia, Reginaldo Bezerra disse que a família pensa em processar Calissano. “Ela foi obrigada (a consumir a droga), tenho certeza”.