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segunda-feira, 30 de junho de 2025

Viagra paraguaio é vendido em feiras do Distrito Federal

03/10/2005 09h49 – Atualizado em 03/10/2005 09h49

MS Noticias

O mercado clandestino de medicamentos no Distrito Federal se alimenta da irresponsabilidade de vendedores e de compradores. O Correio Braziliense flagrou na semana passada a venda de 40 comprimidos do estimulador sexual masculino. Os feirantes comemoravam o negócio com gargalhadas e parabenizavam cada cliente pela pechincha.O Pramil é uma versão barata, paraguaia e proibida do Viagra. Um comprimido custa R$ 3, nove vezes menos do que os R$ 110 cobrados nas farmácias brasilienses pela cartela com quatro comprimidos do produto original patenteado pela centenária multinacional Pfizer, fundada em 1849, em Nova Iorque (EUA). A versão paraguaia é produzida pelo laboratório Novophar, sediado em Assunção, no Paraguai, e sua comercialização está proibida no Brasil há três anos.Numa portaria datada de 6 maio de 2002, a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a comercialização do Pramil em todo o território brasileiro e determinou a apreensão das caixas do medicamento. Significa que ele não tem registro no país.A legislação determina que remédios só podem ser comercializados no Brasil se forem registrados na Anvisa e que apenas as farmácias e drogarias podem vendê-los. Quem desobedecer pode pegar até 15 anos de cadeia. Os feirantes do Distrito Federal não levam a lei a sério e seguem faturando com o Pramil.Depois de ser alertada pelo Correio Braziliense, a Anvisa realizou uma megablitz nas feiras de importados e fez a maior apreensão de remédios ilegais da história do DF: prendeu cinco pessoas e recolheu 1.620 comprimidos ilegais, sendo 294 de Pramil.”Às vezes, os fiscais vêm aqui, prendem alguém, mas depois nos esquecem. Estamos fazendo um bem para os clientes que não conseguem fazer sexo e não têm dinheiro para comprar o Viagra verdadeiro”, supõe a feirante gorducha, cabelo curto e que trabalha na feira dos importados do Setor de Indústria e Abastecimento. “A gente vende a caixa com a bula em espanhol. Basta ler”.Pois é. Se o consumidor se debruçar sobre a bula do Pramil, lerá logo no primeiro parágrafo que ele “contém 50 miligramas de sildenafil e que só deve ser administrado mediante receita e acompanhamento médico”. “Ou seja, os paraguaios estão certos e nós estamos errados. Eles fabricam a medicação respeitando a legislação deles. Nós é que compramos e vendemos como se fosse muamba”, resume o diretor da Anvisa, o farmacêutico paulista Victor Hugo Travassos da Rosa. “O Pramil e o Viagra têm o mesmo composto. São 50 miligramas de sildenafil. Se um hipertenso tomá-lo pode morrer”.Fabrício Albuquerque, 25, morador da Asa Norte, não tem medo de morrer. Ele consome Pramil: “Compro mesmo. Por farra. Para fazer bonito com a mulherada. Às vezes meu coração acelera e me dá dor de cabeça. Mas sou jovem.”Risco comprovadoDurante três dias da semana passada a reportagem do Correio Braziliense testemunhou a venda de 167 comprimidos, de cinco marcas diferentes, em quatro feiras de Importados do Distrito Federal. A lei brasileira não permite o comércio de remédios em feiras. O delito, porém, é bem maior.Todos os medicamentos são paraguaios e nenhum está registrado na Vigilância Sanitária. Todos têm fórmulas com alto índice de letalidade. O Correio mandou amostras dos remédios para exame no Centro de Atendimento Toxicológico DR Brasil, credenciado pela Polícia Federal. O toxicologista Otávio Brasil atesta que os remédios contêm substâncias perigosas, como o lipolítico TRIAC, emagrecedor proibido no Brasil desde 2001, depois que estudos identificaram risco de morte súbita para seus usuários.

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