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quinta-feira, 3 de julho de 2025

“Desarmamento é uma farsa”, diz presidente do clube de tiro

06/10/2005 12h36 – Atualizado em 06/10/2005 12h36

Da Redação

Para o presidente do Clube de Tiro Três Lagoas, o médico pediatra, Sérgio Jeremias, o referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo no país é uma farsa. “Uma tentativa do governo Federal de implantar a ditadura no país”De acordo com ele, “o governo está nem um pouco interessado com a questão da violência urbana, ele quer sim desarmar a população para um possível golpe de estado e a instituição de uma ditadura, a história nos mostra que o primeiro passo foi confiscar as armas de fogo legais, as que estavam nas mãos dos cidadãos, já que está ciente de que não haverá possibilidade de reação da população”, comentou. Jeremias deixa claro que não faz apologia ao uso de armas. O presidente explicou que concorda que há pessoas que não tem afinidade por elas e não querem tê-las; apenas não acha certo tirar um direito básico do todo cidadão, o de defender-se. “Tira-se um direito e a qualquer momento tira-se outros. Eu voto NÃO. Por que a obsessão em acabar com o comércio de armas e munição no país? Se aprovada ocorrerá um confisco a curto prazo”.Para comprovar sua opinião, o presidente cita a Lei 10.826, de 23 de dezembro de 2003 chamada de “Estatuto do Desarmamento”. “No artigo 27, a Lei diz que o individuo que vive na área rural pode ter uma arma para caça de subsistência. Desde quando a caça é permitida no Brasil? Essa é uma medida enganosa para deixar os proprietários rurais indefesos e armar possíveis invasores, principalmente membros do MST (Movimento dos Sem Terra). Se não puder comprar munição para que serve uma arma de fogo? Uma das táticas para a guerra é: primeiro desarmar ou enfraquecer o adversário, tirando-lhe a capacidade de reação. Isso fica ainda mais claro no caso deste governo, em que a grande maioria dos membros já pegou em armas para lutar , sabe o poder que elas tem, pois já foram repelidos com o auxílio delas”.FORTALECIMENTO DE BANDIDOSDe acordo com o médico, o desarmamento, além de não conseguir diminuir o índice de homicídios no país, ainda irá fortalecer os bandidos. “Sabendo que existe a possibilidade de reação enérgica, os bandidos irão pensar antes de tentar algo. Cientes de que a população está desarmada, eles se sentirão bem mais auto-confiantes e serão mais abusivos”. Jeremias citou um artigo veiculado na mídia que diz que traficantes estão fazendo campanha a favor do desarmamento. “Os traficantes do morro do Dendê na Ilha do Governador bancaram a confecção de três mil camisetas e cerca de 10 mil adesivos pelo SIM. Querem eles que a violência diminua?”. Geralmente quem evita ou repele uma investida do bandido não faz queixa na delegacia, portanto não fará parte das estatísticas – diz ele.Jeremias completou dizendo que a campanha do desarmamento não irá atingir os bandidos, já que todos eles não utilizam armas adquiridas de forma legal, seja de fabricação nacional ou não. “Os bandidos utilizam armas contrabandeadas ou roubadas, e não compradas em lojas. Elas são ferramentas de trabalho e eles as obtém a qualquer custo. O marginal continuará marginal, não piora. O risco continuará sendo nosso”.MARGINALIZAÇÃO DOS CIDADÃOSHoje, para o cidadão ter o registro de arma de fogo (a posse legalizada) é necessário desembolsar em média R$ 800: entre exames psicotécnicos (provar que tem equilíbrio emocional e maturidade) e de capacitação (provar que sabe manusear arma de fogo e atirar) e R$ 300 do registro, além de vários documentos(certidões negativas de antecedentes criminais pelo Brasil afora). Caso queira obter o porte são mais R$ 1000, além de vários outros documentos. “Agora coloque isso para uma pessoa que ganha um salário mínimo, é praticamente impossível andar legalizado”, comentou. Ele completa “a Lei 10286 de 23 de dezembro de 2003 tem excelentes medidas para o controle da posse e do porte de arma de fogo, então, porque não aplicá-la? Por quê interferir no direito de ter ou não ter? Caso o cidadão queira ter arma de fogo deve preencher todos os requisitos da lei e arcar com as conseqüências de seus atos. É uma atitude democrática e torna-se muito mais fácil o controle uma vez que saber-se-ia quem tem armas de fogo, quantas são e onde elas estão. Para os infratores da lei : os rigores da lei”.EDUCAÇÃO: MELHOR SAÍDASérgio Jeremias informou que a melhor saída é a educação em todos os níveis. Ele explica que a Lei do Estatuto do Desarmamento, aprovada em dezembro de 2003, é de bom tamanho para o combate à posse e ao uso imprudente de armas de fogo. Uma boa campanha de educação e meios para capacitação surtirá o efeito desejado a curto prazo.“A Lei é suficiente para controlar e punir aqueles que têm e usam as armas de fogo de maneira imprudente e irresponsável. Não é necessário acabar com as armas, até mesmo porque armas não matam pessoas, elas são instrumentos para pessoas matarem pessoas. Devido a isso, o governo teria que investir na educação dos cidadãos, sobre a lei da posse e porte, as responsabilidades e as conseqüências em se manter uma arma, investir na regularização das armas existentes no país e na fiscalização, a criação de mecanismos para que o cidadão ande legalizado. Assim ficaria bem mais fácil diferenciar os bandidos dos cidadãos de bem”, explicou ele. O presidente do Clube de Tiros ficanizou dizendo: “Temos a obrigação de sermos cidadãos e não vassalos”.

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