03/11/2005 08h07 – Atualizado em 03/11/2005 08h07
Folha
“O telefone é o pior inimigo do homem”, ensina um manual secreto de contra-espionagem do Exército. Chama-se “Cartilha de Segurança Orgânica”. Seu conteúdo é de inestimável serventia para os congressistas que se dizem vítimas de bisbilhotice.A cartilha foi elaborada pelo Exército para orientar os espiões a seu serviço. Ensina técnicas de contra-espionagem. Contém um total de 15 regras básicas. São ensinadas nos cursos de espionagem das Forças Armadas. Servem para evitar que segredos estratégicos caiam em mãos inimigas.Os pressupostos do documento foram incorporados pelos manuais da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O órgão é apontado por alguns parlamentares como responsável pela espionagem que alegam sofrer. “As contra-inteligência”, ensina a cartilha do Exército, “é o ramo da atividade de inteligência que trata da proteção do conhecimento”. Algo bastante útil aos congressistas nesta fase em que funcionam simultaneamente três CPIs (Correios, Mensalão e Bingos).São quatro as finalidades da cartilha: “prevenção, obstrução, detecção e neutralização de ações adversas.” O documento é detalhista. Recomenda, por exemplo, que “assuntos de serviço” não sejam comentados em público.Recomenda também cuidado com os comentários feitos em reuniões sociais. “Você não sabe quem está escutando”. Aconselha um tipo de discrição que não costuma ser observada por parlamentares: “Resista à vaidade de querer mostrar-se bem informado, mesmo em casa ou entre amigos.”Estabelece ainda regras a serem observadas ao final de cada expediente de trabalho: “mesas limpas”, “arquivos guardados em armários fechados”, “destruição do conteúdo das cestas de papel”.Como se vê, deputados e senadores têm muito a aprender se desejam ficar a salvo de ações de espionagem. Sejam elas oficiais ou extra-oficiais. É bobagem questionar o conteúdo da cartilha do Exército. Foi escrita por gente versada na matéria. Gente que sabe como obter e como sonegar dados sigilosos.