16/11/2005 09h56 – Atualizado em 16/11/2005 09h56
BBC Brasil
O diário britânico Daily Telegraph afirma em reportagem de capa nesta quarta-feira que a polícia de Londres utilizou balas “dum dum” nos disparos que mataram o eletricista brasileiro Jean Charles de Menezes.O uso deste tipo de munição – conhecida como balas de ponta oca, que se expandem e estilhaçam após penetrar no corpo provocando mutilações maiores – é proibido por convenção internacional que regulamenta as armas de guerra.Segundo o jornal, “acredita-se que esta tenha sido a primeira vez que essas balas tenham sido utilizadas pela polícia britânica”.Jean Charles foi confundido pelos agentes da polícia londrina com um homem-bomba, e morreu ao receber sete tiros na cabeça e um no ombro dentro da estação de metro de Stockwell, no dia 22 de julho.O episódio é motivo de uma investigação independente sobre a atuação da polícia, que continua em andamento.Operação KratosO jornal afirma que os policiais que participavam da Operação Kratos receberam este tipo de munição especial porque o comando das forças de segurança acredita que as balas de ponta oca são mais eficazes para abater homens-bomba.A Operação Kratos foi lançada na Grã-Bretanha para proteger os meios de transporte da ação de militantes suicidas, após os atentados contra três trens do metrô e um ônibus em Londres no dia 7 de julho.O Daily Telegraph afirma que a opção pelas balas “dum dum” teria sido “influenciada pela táticas usadas por policiais à paisana em aviões de passageiros, que usam essas balas para que se estilhacem dentro do corpo e não arrebentem a fuselagem”.Seguindo o mesmo raciocínio, as autoridades britânicas teriam optado pela munição de ponta oca para poder matar homens-bomba sem correr o risco de atingir inocentes nas proximidades.O jornal britânico afirma que a decisão de usar balas “dum dum” foi tomada de forma sigilosa pela polícia, assim como outros aspectos da Operação Kratos.O Ministério do Interior da Grã-Bretanha disse que não há impedimentos legais ao uso deste tipo de munição pela polícia, cujo comando tem o direito de escolher as balas que melhor servem aos seus objetivos operacionais.




