02/12/2005 15h26 – Atualizado em 02/12/2005 15h26
Aquidauana news
O Vaticano defendeu na sexta-feira sua decisão de excluir a cantora Daniela Mercury de seu show de Natal, alegando que ela ameaçara defender, durante a apresentação, o uso de preservativos como forma de combater a Aids.”O Vaticano decidiu excluir Daniela Mercury do elenco não por causa das convicções dela sobre contraceptivos, embora eles não estejam de acordo com os da Igreja Católica”, disse o padre Giuseppe Bellucci, que organizou o show.”Ela foi excluída porque havia anunciado que, durante o concerto, promoveria abertamente o uso de preservativos para combater a praga da Aids”, disse ele numa entrevista coletiva para apresentar o show beneficente, que será realizado no sábado.Daniela Mercury, que é embaixadora do Unicef e do programa anti-Aids da ONU, havia sido convidada para cantar várias músicas no espetáculo, que entre outros artistas contará com a presença das cantoras sul-africana Miriam Makeba e da irlandesa Dolores O’Riordan.”As convicções de uma pessoa são uma coisa, mas fazer declarações como essa é outra”, disse Bellucci.”Temos que lembrar que os artistas, os promotores e todos os outros são convidados da Cidade do Vaticano, e temos que seguir as regras do anfitrião”, disse ele.O show é uma forma tradicional de arrecadar fundos para obras de caridade. O papa não comparece, mas dezenas de cardeais e autoridades do Vaticano assistem à apresentação. O concerto é transmitido pela TV italiana na véspera de Natal.Daniela Mercury disse num comunicado na semana passada que lamentava a decisão, mas que tem o direito de discordar da oposição da Igreja Católica ao uso de métodos anticoncepcionais.No show de 2003, a cantora norte-americana de hip hop Lauryn Hill chocou as autoridades do Vaticano ao pedir a elas que se arrependessem, aludindo ao escândalo de abuso sexual de crianças por padres nos EUA. As declarações foram cortadas na versão que foi ao ar na noite de Natal.A Igreja opõe-se ao uso de preservativos, exceto em raríssimos casos, por se tratar de um método anticoncepcional.Para a Igreja, a fidelidade no casamento, a castidade e a abstinência são os melhores meios de impedir o avanço do HIV/Aids.A Igreja alega que promover o uso de preservativos incentiva o que considera um estilo de vida imoral, e comportamentos que só contribuirão para o alastramento da doença.