03/12/2005 10h31 – Atualizado em 03/12/2005 10h31
Folha de S.Paulo
O Corinthians, das milionárias contratações feitas pela MSI, está na mira da Receita Federal. O órgão pediu ao clube os documentos referentes às negociações de jogadores feitas pelo clube.Segundo um funcionário corintiano, que pediu para não ser identificado, foram exigidos os contratos referentes às transações realizadas desde de 2001. A Folha apurou que o principal foco da Receita são as negociações feitas neste ano, já na gestão da MSI, de Kia Joorabchian.O clube foi notificado há cerca de dez dias e tem mais duas semanas para apresentar a papelada.Além dos contratos de compra e venda, o Corinthians terá de apresentar documentos referentes ao câmbio realizado em cada negociação. O órgão quer saber a origem e o destino do dinheiro.A parceria é investigada também pelo Ministério Público Federal sob a suspeita de atuar no Brasil apenas para lavar dinheiro, como concluiu investigação do Ministério Público Estadual.Em conversas reservadas, os dirigentes corintianos dizem estar preocupados com a possibilidade de serem punidos por diferenças nos valores pagos pela parceira por alguns atletas em relação ao anunciado pelos vendedores.O caso mais emblemático é o do argentino Carlitos Tevez. O valor da transferência dele do Boca Juniors para o Corinthians varia de acordo com o contrato. Ao Ministério Público Estadual, o clube paulista informou ter repassado os direitos econômicos do jogador à MSI por US$ 17 milhões.O valor é superior em US$ 1 milhão ao registrado no contrato de compra e venda com a equipe argentina. A MSI, por sua vez, já anunciou que esse não é o único documento da transferência. Informa que firmou outros acordos que, somados, totalizam os US$ 22,6 milhões da negociação.A MSI diz que chega aos US$ 22,6 milhões da seguinte forma: além dos US$ 16 milhões pagos por Tevez e US$ 2 milhões pelo intercâmbio ao Boca, afirma ter despendido outros US$ 2,4 milhões pelos 15% do atleta, comissão de empresários e pagamentos de quase US$ 600 mil em taxas.Na notificação entregue ao clube pelo órgão federal não há referências ao que está sendo investigado. Dirigentes do Corinthians acreditam que o principal alvo é a discrepância nos valores das contratações de jogadores.Ao todo a MSI investiu mais de R$ 100 milhões para montar a equipe, que amanhã pode conquistar o título brasileiro.O risco de o clube ser multado por irregularidades nessas operações e por causa da origem do dinheiro da MSI, que pertence à empresas constituídas em paraísos fiscais, foi o principal argumento dos conselheiros contrários ao acordo de parceria.Na ocasião, Alberto Dualib e seus aliados diziam não haver riscos para o clube.Nesta semana, o presidente corintiano se recusou a assinar documento que o transformaria em diretor da MSI. Desconfia dos negócios do parceiro e teme ter de responder pela empresa. O contrato prevê a participação de duas pessoas indicadas pelo clube para integrar a sociedade.