13/12/2005 16h06 – Atualizado em 13/12/2005 16h06
Reuters
A Brasil Telecom listou na tarde desta segunda-feira dez irregularidades que teriam sido praticadas na gestão da executiva Carla Cico à frente da operadora de telefonia. Segundo a nova diretoria, que representa os fundos de pensão e o Citigroup, as perdas ultrapassam R$ 361 milhões. O Opportunity contestou as denúncias. “Queremos que a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) faça as investigações dos gestores e apure as responsabilidades sobre esses fatos. Esse é um passo administrativo. A companhia vai buscar um ressarcimento por ações judiciais também”, disse o vice-presidente da Brasil Telecom, Charles Putz, a jornalistas. Por meio de telefonema da assessoria de imprensa, o Opportunity afirmou à Reuters que vai “tomar as medidas judiciais cabíveis, inclusive criminais, contra as declarações mentirosas do senhor Charles Putz.” Segundo a nova diretoria da Brasil Telecom, a empresa pagou irregularmente diversas despesas do Opportunity, que era responsável pela gestão do grupo de telecomunicações, sem conhecimento ou aval dos acionistas da empresa. Contratos de serviços também teriam beneficiado o empresário Daniel Dantas, dono do Opportunity, além de parentes e assessores, informou Putz. Entre as irregularidades citadas pelo executivo estão investimentos de risco elevado, passando por contratos publicitários sem comprovação de serviços e pagamentos de pessoas ligadas ao Opportunity. Na Justiça, a Brasil Telecom já ingressou com uma ação na qual busca ressarcimento dos prejuízos causados pelo Opportunity por conta de gastos com o Consórcio Voa, no valor de R$ 66 milhões. O consórcio foi formado em 1998 para o transporte aéreo das diretorias de Brasil Telecom, Opportunity, Telemig Celular e Amazônia Celular. De acordo com material informativo divulgado na entrevista, entre janeiro de 2002 e setembro de 2005, só a Brasil Telecom investiu R$ 66 milhões para manter os três aviões executivos do consórcio, um próprio e dois alugados. A Brasil Telecom seria a quotista majoritária, com 70% de participação no Voa e o Opportunity, o líder, com 3,3%. A assessoria do Opportunity contestou as denúncias apontando dados positivos sobre a Brasil Telecom durante a sua gestão. “A Brasil Telecom foi escolhida como uma das 10 empresas de capital aberto mais transparentes por quatro anos consecutivos, entre 2002 e 2005. É a que tem o menor endividamento entre empresas de telecom e, segundo a Standar&Poor's, a classificação de risco da BRT é melhor que a do Brasil”, afirmou a assessoria. O assessor acrescentou que o caixa da empresa passou de R$ 290 milhões logo após a privatização, em 1998, para R$ 3 bilhões em setembro deste ano, quando o Opportunity deixou a gestão da empresa.