13/12/2005 08h00 – Atualizado em 13/12/2005 08h00
Dourados News
Os ruralistas de Mato Grosso do Sul aguardam com ansiedade e cobram a retirada imediata dos índios guarani-caiuás de uma área de mil hectares em Antônio João. A Polícia Federal já prepara uma operação para despejar os cerca de 500 indígenas, dando cumprimento a uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em São Paulo. A operação deve acontecer na próxima quarta ou quinta-feira. Pela decisão, os índios devem ser transferidos para uma área de 30 hectares na região.“Esse cumprimento judicial vai resgatar a ordem e o direito de propriedade em Mato Grosso do Sul”, disse o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Gino José Ferreira ao comentar as declarações do procurador da República, Charles Estevan da Mota Pessoa, de que pretende recorrer da decisão no STF (Superior Tribunal Federal). Charles alega que existe a possibilidade de confronto na desocupação das fazendas. “A possibilidade de confronto é muito maior quando acontece a invasão e não quando as terras vão ser desocupadas, já que a polícia tem preparo suficiente para conduzir o processo sem traumas”, retrucou Gino.A Polícia Federal ainda não divulgou os detalhes da operação de despejo, mas informações dão conta de que o plano de ação já está pronto. Por duas vezes (no final de 2004 e este ano) os policiais federais já foram mobilizados para a ação, mas decisões do TRF impediram que a operação acontecesse. A polícia deve utilizar agentes das delegacias de Campo Grande, Dourados e Ponta Porã.O sindicalista também criticou o comportamento do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) de Mato Grosso do Sul. A entidade tem declarado que a reintegração de posse pode causar muitos transtornos à comunidade indígena. “O Cimi deveria se preocupar com os índios antes de incentivá-los a invadir terras. Deveria orientá-los e não dar suporte, inclusive cedendo veículos, para ajudar nas invasões”, disse. O dono de uma das fazendas invadidas, e ex-prefeito de Antônio João, Dácio Queiroz, disse que confia na Justiça e que os produtores em momento algum vão entrar em confronto com os índios. “O trabalho de reintegração de posse deve ser feito pela polícia e não pelos produtores”, enfatizou.