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domingo, 29 de junho de 2025

Umbandistas e candomblistas protestam contra proibição do MPE

24/12/2005 10h51 – Atualizado em 24/12/2005 10h51

Capital do Pantanal

Os adeptos de umbanda e candomblé de Corumbá realizaram na tarde desta sexta-feira(23), uma manifestação pacífica, com uma passeata pelas ruas do centro de Corumbá. Eles querem que seja revogada a decisão do MPE(Ministério Público Estadual) de proibir a utilização a região do Parque Municipal de Piraputangas, no Córrego São Domingos para seus rituais. De acordo com a mãe de santo Catarina da Silva Bruno da Tenda São Jorge, eles precisam de um lugar em contato com a natureza, ” para recobrar nossas forças e orações para os necessitados, temos o direito de continuar fazendo o culto na cachoeira São Domingos”, frisou lembrando que foi preparada para receber a coroa há 20 anos, naquele local. Os integrantes da comissão organizadora do movimento foram: o pai de santo Hamilton de Xangô (Tenda Espírita São José), o babalorixá Clemilson Zazilacun, (Barraca de Candomblé Ilê Afro Axé Orixás), Francis Monteiro Rocha (1° Secretário da União Umbandista Corumbaense) e Ednir de Paulo, presidente interina do conselho municipal do negro. Polêmica – O MPE determinou que a Prefeitura em conjunto com os religiosos encontrassem um novo local para que se fizesse o culto. Em entrevista a nossa equipe nesta semana o secretário interino de Meio Ambiente Cássio Augusto da Costa Marques, disse que não foi procurado por nenhum deles com sugestões e que Prefeitura já pesquisou três localidades possíveis para utilização, mas ainda não há nada de concreto, pois as áreas propostas estão em propriedades particulares. Por sua vez conforme o pai de santo Hamilton foi feita uma reunião com todos os representantes da Umbanda e Candomblé, a fim de verificar se havia algum outro local para a prática do ritual, mas segundo ele, com as mesmas características não existe e por isso não foi dada nenhuma sugestão ao secretário. Ainda conforme o pai de santo o local é o mais acessível às pessoas mais carentes adeptas das religiões, “nunca denegrimos nem poluímos o parque, nós até ajudamos a comunidade que reside nas imediações com doações, é um absurdo falar estamos prejudicando a natureza”, explicou. O religioso também informou ao Capital do Pantanal que diante da proibição pediu para que a OAB(Ordem dos Advogados do Brasil) secção Corumbá, indique um advogado para defender os interesses dos candomblesistas e umbandistas da cidade. Uma audiência será marcada em janeiro para tentar resolver a questão. Pai Hamilton ainda disse que procurou e recebeu o apoio do bispo Dom Segismundo Martinez, a fim de que ele interfira junto ao prefeito sobre a questão. Para Ednir de Paulo o que está acontecendo é uma perseguição e discriminação com as religiões de matrizes africanas, além disso, ela diz que os órgãos públicos deveriam olhar com mais cuidado para os negros (que corresponde a 61% da população corumbaense), principais praticantes para que promovam políticas públicas específicas para este grupo. De Paulo enfatizou que o parque é competência da Prefeitura, e é este órgão que tem que liberar ou não a área. Para os organizadores a manifestação é para mostrar que os adeptos de candomblé e umbanda estão visíveis diante da população de Corumbá e que não querem ser lembrados somente como atração turística na época de São João.

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