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terça-feira, 13 de maio de 2025

PSDB enfrenta briga entre Serra e Alckmin

10/01/2006 13h13 – Atualizado em 10/01/2006 13h13

Uol

Começou cedo a briga por uma vaga na corrida presidencial. Mais cedo do que o usual e bem mais cedo do que muita gente esperava: o presidente do PSDB, Tasso Jereissati, tirou férias, mas, no partido, a briga esquenta e dá o que falar. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, surpreendeu todo mundo ontem.

“Pela lei, quem quiser ser candidato, se no dia 2 de abril estiver no governo, está inelegível. Então nós vamos sair antes. Sou candidato à presidência da República, vou trabalhar, acho que as coisas estão indo muito bem, caminhando naturalmente, aliás, para mim, surpreendentemente… Estas pesquisas, com tanta antecedência, esquece, esquece; isso aí é tudo fotografia do passado.”

Além da briga anunciada entre ele e o prefeito de São Paulo, José Serra, os dois do PSDB, o governador também vai ser chamado a explicar as denúncias de um estranho esquema de arrecadação envolvendo o PSDB e o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo. A Polícia Federal investiga o assunto. Toledo nega.

Para o cientista político Fábio Wanderley Reis, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais, a direção do PSDB está numa situação muito complicada. “Alckmin não deixa de ter razão quando diz que as pesquisas são um retrato do momento. Elas têm inclusive mostrado seu potencial de crescimento. Ele tem crescido, as chances dele até contra Lula tem aumentado, de maneira que do ponto de vista de quem está interessado em se candidatar, a perspectiva dele é razoável e perfeitamente defensável.”

Questionado se acredita que Alckmin teria dito isso publicamente sem consultar o partido, o professor afirmou: “certamente foram feitas articulações. Não acredito que seja um ato estritamente pessoal. Além do mais, há indícios bem claros de que ele tem respaldos importantes na faixa empresarial. Provavelmente mais que o Serra, que suscita certas reservas.”

Arrecadação ilegal no PSDB
Segundo Fábio Wanderley Reis, as denúncias de que o PSDB teria montado um esquema parecido com o de Marcos Valério e o PT, em 2002, com o ex-diretor de Furnas, Dimas Toledo, à frente, é provavelmente a notícia mais importante do período recente. “Há muito tempo existem indícios bem claros. Na verdade todos sabem que há coisas impróprias que acontecem de caixa 2, na generosidade dos partidos políticos. Acho que o questionamento mais sério que se podia fazer na linha de denúncias em relação ao PT e à atuação das CPIs é: cadê o Eduardo Azeredo? Cadê a CPI do Caixa 2?”

Limites
Para o professor, o perigo do grande acordo, da pizza, é muito mais amplo do que se pode imaginar. “Não é tanto quanto deputados mais ou menos importantes vão ser cassados, qual vai ser a barganha com a opinião pública que a CPI eventualmente faça nas suas escaramuças internas. Acho que é principalmente o que vai nessa direção, de que provavelmente, para você dar uma solução real à crise, que a explosão do PT no ano passado despontou. Isso teria de ser aprofundado antes, até no sentido de fazer investigações e esclarecimentos com relação a partidos de perfis muito variados, o que acaba colocando em risco o próprio sistema político partidário do país.”

Ele não arriscou dizer quais seriam as conclusões de toda a crise. “Qual é a barganha a ser feita? Até que ponto ir a ferro e a fogo na apuração de fatos, doa a quem doer, e até que ponto acomodar? Acho que não há nenhum agente, em última análise, comprometido em levar a coisa a ferro e a fogo. Isso sugere algum tipo de pizza, coloca uma certa pizza no horizonte. E se está no horizonte, porque não pode chegar mais para cá? É um jogo muito complicado.”

E concluiu: “acho que algum tipo de evidência, do tipo esta que aparentemente se tem com relação ao PSDB, seria muito importante para marcar até onde é preciso realmente ir com as investigações. Estamos vivendo uma situação complicada que provavelmente terá desdobramentos maiores do que se esperaria.”

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