12/01/2006 07h46 – Atualizado em 12/01/2006 07h46
BBC Brasil
Mehmet Ali Agca, o homem que atirou no papa João Paulo 2º em 1981, foi libertado de uma prisão em Istambul, na Turquia, nesta quinta-feira. Ali Agca estava preso em Istambul desde que foi extraditado da Itália, em 2000, depois de ter passado 19 anos nas prisões do país. O advogado do turco de 48 anos afirmou que Ali Agca pretende “trabalhar pela democracia” depois de sua libertação, de acordo com a agência de notícias Associated Press. “Ele disse: ‘Quero estender a mão da paz e da amizade a todos. Quero me engajar na luta pela democracia e pela cultura'”, afirmou o advogado do turco, Mustafa Demirbag. Perdão O atentado contra o papa aconteceu na Praça de São Pedro, no Vaticano, em 1981. O próprio pontífice católico perdoou o turco publicamente e o visitou na prisão. O autor do atentado também foi perdoado pela Justiça italiana em 2000, quando foi extraditado para a Turquia e preso por outros crimes que cometera no país – dois assaltos a bancos e o assassinato de um jornalista turco de esquerda. Na semana passada, um tribunal turco aprovou um documento afirmando que Ali Agca já completou a pena por esses crimes. Na época do atentado contra o papa, Ali Agca tinha 23 anos e era um criminoso conhecido na Turquia, com trânsito entre paramilitares turcos de extrema-direita. A motivação para o ataque permanece um mistério, mas existem suspeitas de envolvimento da KGB soviética, do serviço secreto da antiga Alemanha Oriental, a Stasi, e o órgão da Bulgária. Um dos juízes mais importantes da Itália nos anos 80, que chegou a julgar o caso do atentado contra o papa, Ferdinando Imposimato, afirmou na quarta-feira que a vida de Ali Agca pode estar sob perigo por causa de supostos segredos que ele manteria. Queima de arquivo Imposimato está convencido de que houve envolvimento do bloco comunista, já que na época o papa pregava uma mensagem que ia de encontro à ideologia coletivista soviética. “Acho que o governo turco deveria garantir a segurança de Agca, porque ele sabe tantos segredos que pode ser assassinado”, afirmou o juiz. “O mais seguro seria mantê-lo na cadeia.” Ali Agca disparou várias vezes contra o papa quando ele desfilava em carro aberto pela Praça de São Pedro. O religioso sofreu ferimentos graves no abdômen e na mão. Nas palavras do próprio João Paulo 2º, ele “sobreviveu por pouco”. No entanto, dois anos depois ele fez questão de visitar o turco e perdoá-lo publicamente.