14/01/2006 11h20 – Atualizado em 14/01/2006 11h20
BBC Brasil
Autoridades paquistanesas negaram neste sábado (14) que um vice-líder da organização terrorista Al Qaeda tenha sido atingido por um ataque aéreo realizado nesta sexta-feira (13) por forças dos Estados Unidos em um vilarejo no leste do Paquistão. Segundo informações vindas do país, autoridades disseram que o ataque, que matou pelo menos 18 pessoas, foi baseado em “informações falsas”. Mais cedo, havia rumores de que Ayman al-Zawahiri poderia ter sido morto no ataque. O Pentágono negou a realização do ataque na área mas autoridades locais afirmaram que aeronaves norte-americanas tinham disparado mísseis. Moradores afirmam que os mísseis foram lançados do Afeganistão, mas as autoridades negam. Fronteira Forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos e também forças afegãs acreditam que militantes liderados pelo Talebã conseguem vantagem nos ataques devido à fronteira com falhas de segurança. Zawahiri, visto como o segundo em comando na organização Al Qaeda, liderada por Osama Bin Laden, conseguiu escapar da captura desde que as forças lideradas pelos Estados Unidos derrubaram o regime do Talebã no Afeganistão em 2001, apesar de uma recompensa de US$ 25 milhões ter sido estabelecida no caso de sua prisão. Ele se transformou no mais importante porta-voz da Al Qaeda em gravações e vídeos divulgados pelo grupo nos últimos meses. Os militares norte-americanos no Afeganistão afirmaram na sexta-feira que não tinham informações de operações norte-americanas na área do último ataque. O ataque ocorreu no vilarejo de Damadola, na área tribal de Bajaur, a cerca de 200 quilômetros da capital Islamabad. Crianças Jornalistas que chegaram a Damadola falaram sobre três casas, com centenas de metros de distância entre elas, destruídas. Shah Zaman afirmou que perdeu dois de seus filhos e uma filha. “Eu corri e vi aviões, corri em direção a uma montanha próxima com minha mulher. Quando estávamos correndo, ouvimos outras três explosões e vi minha casa sendo atingida”, disse Zaman. “Não sei quem fez este ataque ou a razão, estamos sendo atacados desnecessariamente, somos pessoas que obedecem as leis”, acrescentou. Um porta-voz militar paquistanês, major-general Shaukat Sultan, disse que a fonte do ataque ainda não estava clara. O vice-governador da província vizinha, Kunar, já no Afeganistão, Noor Mohammed, negou que o ataque tenha sido lançado de seu país. “Entrei em contato com todas as forças de segurança em Kunar e ninguém ouviu a respeito disso. Não creio que é verdade que o foguete tenha vindo do Afeganistão”, disse Noor. Os Estados Unidos têm cerca de 20 mil soldados no Afeganistão, mas o Paquistão não permite que estes soldados operem do seu lado da fronteira. O Paquistão tem cerca de 70 mil soldados na região da fronteira.