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terça-feira, 13 de maio de 2025

Proibido, cerol é vendido livremente em Araçatuba

17/01/2006 15h20 – Atualizado em 17/01/2006 15h20

Folha da Região

Apesar de ter seu uso proibido por lei, o cerol (pasta cortante feita com vidro moído e cola, usada em linhas de pipa) é vendido livremente em Araçatuba. Nas ruas, compra-se o produto até de crianças e alguns estabelecimentos comerciais também o vendem. A constatação foi feita ontem pela reportagem da Folha da Região, que percorreu vários bairros da cidade, entre eles o Traitu, Claudionor Cinti, Água Branca e Ivo Tozzi.Na semana passada, dois homens tiveram os pescoços cortados por linhas revestidas com o cerol. Eles foram feridos enquanto andavam de moto no município. Um deles, o pintor Heraldo Luís Anciloto, trafegava pela rodovia Elyeser Montenegro Magalhães ao final de um dia de trabalho e não sabe quando poderá voltar ao trabalho nem se terá normalizados os movimentos do pescoço. Além do pescoço, Anciloto teve cortes profundos nos dedos quando tentava cortar a linha com as mãos. O pintor declarou à reportagem que está com medo de voltar a andar de moto.Para coibir a prática, a Guarda Municipal intensificou a fiscalização da soltura de pipas, mas a brincadeira, comum na periferia da cidade, continua. A reportagem constatou que a venda de cerol entre menores é uma prática comum. No Ivo Tozzi, um grupo de meninos na faixa dos dez anos vendeu o produto recém-fabricado em uma lata por R$ 3. No Traitu, um segundo grupo, desta vez de adolescentes, se comprometeu a fabricar para mais tarde vender aos repórteres caso estes tivessem interesse. Segundo eles, não havia cerol pronto naquele momento, mas uma lata de Nescau cheia foi oferecida aos repórteres por R$ 2,50.Em um estabelecimento comercial, a reportagem conseguiu comprar o cerol já embalado e lacrado por R$ 1,20. A proprietária do estabelecimento, que não se identificou, disse saber que o uso é proibido, mas que jamais sofreu uma fiscalização por parte da Polícia ou da Prefeitura. Ela afirmou que o frasco vendido era o último de um lote de 12, adquiridos de terceiros e que demorou para vendê-los porque não comercializa o produto para crianças.Para comprar o cerol, dois repórteres se fizeram passar por um casal que procurava o produto para o filho. Num segundo momento, se identificaram como sendo da imprensa. “Eu só comprei esse lote e nunca mais vou vender cerol”, disse a proprietária, que disse ter conhecimento dos acidentes ocorridos recentemente e afirmou saber do perigo que o produto representa. No dia 6 de janeiro, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) sancionou a lei 12.192, que proíbe o uso de cerol. O descumprimento pode gerar multa de cinco Ufesps (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), o que equivale a cerca de R$ 70. No caso de menores, a responsabilidade é dos pais. Todo o cerol adquirido pela reportagem foi entregue na Guarda Municipal, que registrou um boletim de ocorrência. O produto, segundo a corporação, será incinerado junto com um monte de pipas recolhidas durante fiscalização na cidade. Diariamente, a guarda realiza busca de crianças e adolescentes que soltam pipas e todo o material encontrado é apreendido para depois ser destruído. O procedimento deve durar até o fim das férias, período em que a soltura de pipas é mais intensa.

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